(Chico Anysio)
Este monólogo fez parte do meu discurso de formatura em Pedagogia, em solenidade de Colação de Grau no Salão Nobre da Reitoria da Universidade Federal da Bahia. Na ocasião, o transcrevi de uma entrevista do grande mestre Chico Anysio, dada no Programa do Jô Soares, não lembro bem se ainda no SBT ou já na Globo. Para mim, trata-se de uma das maiores obras desse gênio cearense de múltiplos talentos que sabia fazer rir e chorar a todo o Brasil. Confira o belo e engenhoso texto (todas as palavras começadas pela letra "M" ) e tire suas próprias conclusões...
MUNDO MODERNO...
Mundo moderno, marco malévolo, mesclando mentiras, modificando maneiras, mascarando maracutaias, majestoso manicômio. Meu monólogo mostra mentiras, mazelas, misérias, massacres,
miscigenação, morticínio – maior maldade mundial.
Madrugada, matuto magro, macrocéfalo, mastiga média morna. Monta matungo malhado munindo machado, martelo, mochila murcha, margeia mata maior. Manhãzinha, move moinho, moendo macaxeira, mandioca. Meio-dia mata marreco, manjar melhorzinho. Meia-noite, mima mulherzinha mimosa, Maria morena, momento maravilha, motivação mútua, mas monocórdia mesmice. Muitos migram, macilentos, maltrapilhos. Morarão modestamente, malocas metropolitanas, mocambos miseráveis. Menos moral, menos mantimentos, mais menosprezo. Metade morre.
Mundo maligno, misturando mendigos maltratados, menores metralhados, militares mandões, meretrizes, marafonas, mocinhas, meras meninas, mariposas mortificando-se moralmente, modestas moças maculadas, mercenárias mulheres marcadas. Mundo medíocre. Milionários montam mansões magníficas: melhor mármore, mobília mirabolante, máxima megalomania, mordomo, Mercedes, motorista, mãos… Magnatas manobrando milhões, mas maioria morre minguando. Moradia meia-água, menos, marquise.
Mundo maluco, máquina mortífera. Mundo moderno, melhore. Melhore mais, melhore muito, melhore mesmo. Merecemos. Maldito mundo moderno, mundinho merda...
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