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sábado, 19 de dezembro de 2015

É Natal... Mas o Cristo que celebramos era branco ou negro?

Às vésperas de mais uma celebração do Natal - onde muitos ocidentais já nem lembram que a festa tem como pretexto a celebração do nascimento de Jesus -  editamos um texto intitulado "O Natal rediscute a verdadeira imagem de Cristo: branco ou negro?", publicado no site Conexão Jornalismo em 2014, que traz importante reflexão sobre as relações étnico-raciais que circundam as narrativas e crenças religiosas a respeito do nascimento de Jesus. Assim como fizemos em nosso livro - "Um Negro no Gólgota", Editora PerSe, 2015  -  o texto aborda e reforça evidências bíblicas e extra-bíblicas de que o Jesus nórdico, de pele e olhos claros seria apenas uma criação de artistas e teólogos europeus, adotada para a difusão da religião cristã no Ocidente mas que acabou por consolidar preconceitos raciais.  Confira e reflita a partir do texto.

Cristo, segundo pesquisas cientificas
  Uma possível imagem de Cristo, segundo pesquisas cientificas























A candura nas frases bonitas do Natal em geral vem acompanhadas de um Cristo louro, olhos claros, traços finos e olhar terno. Mas há muito tempo cientistas analisaram os povos nascidos na mesma região onde teria surgido Jesus de Nazareth e reprovado a imagem europeizada do messias. Mas a pergunta é: fosse ele de fato negro como pintam os homens das ciências, o amor e as mensagens de paz teriam de fato a mesma força entre os fieis?

A edição da Revista Afro abordou o tema recentemente:

A figura de Jesus Cristo como um homem branco, de cabelos lisos compridos, traços finos e delicados, e olhos azuis, ficou marcada durante séculos no imaginário universal graças à sua representação em obras de arte, filmes, espetáculos, e afins. Porém, existe uma grande polêmica em torna da sua real aparência. A maioria insiste em confirmar sua beleza alva, mas, há indícios fortes que comprovam o oposto.

Alguns cientistas já criaram, inclusive, uma imagem que mostra como seria o rosto de Jesus, de acordo com os padrões geográficos do território em que ele vivia. A perspectiva passa bem longe da imagem que temos hoje, que segundo alguns, foi forjada nos padrões de beleza ocidentais.

A principal teoria é de que a maioria das figuras humanas já produzidas para retratar o "filho do homem" foram confeccionadas na Europa por artistas brancos. Dessa forma, a sua imagem teria seguido padrões de estética do período histórico em questão. Além disso, a própria Bíblia, em diversas citações, mostra que Jesus poderia muito bem ter sido um homem negro.

Antes de tudo: ele nasceu em Belém de Judá, região que, à época, pertencia a África! Sim, indivíduos brancos eram raros naquelas bandas. Até a construção do Canal de Suez, Israel fazia parte do continente africano, e esta visão perdurou até 1859, quando o território passou a integrar a Ásia.

Outro forte indício de que Jesus não era branco é que ele era da Tribo de Judá, uma das tribos africanas de Israel. Explica-se: os ancestrais masculinos de Jesus vêm da linha de Sem (miscigenados). No entanto, a sua genealogia foi misturada com a linha de Cam (negros) desde os tempos passados em cativeiro no Egito e na Babilônia.

O antepassado direto de Jesus através de Cam é narrado em Gênesis: Tamar, a mulher Cananéia (negra) fica grávida de Judá, e dá à luz aos gêmeos Zerá e Perez, formando a Tribo de Judá, antepassados do Rei Davi e de José e Maria, os pais terrenos de Jesus.


A farsa de sua cor clara

Outra prova: não foi por mero acaso que Deus enviou Maria e José ao Egito com o propósito de esconder o menino Jesus do Rei Herodes, como é citado no livro de Mateus, do Novo Testamento. Ele não poderia ser escondido no norte da África se fosse um menino branco. Não por proteção militar, já que nessa época, o Egito era uma província romana sob o controle romano, mas porque o Egito ainda era um país habitado por pessoas negras.

Assim, a família teria sido apenas mais que fugiu para o Egito com a finalidade de se misturar a outras famílias negras. Se Jesus fosse branco, loiro, e de olhos claros, teria sido no mínimo complicado de ele se misturar aos egípcios negros, certo?

E ainda citando a Bíblia, no livro Apocalipse ele é chamado de o "Cordeiro de Deus", segundo a Escritura Sagrada, com seu cabelo lanoso, sendo comparado a lã de cordeiro, e os pés com a cor de bronze queimado, uma aparência semelhante a da pedra de jaspe e de sardônio, que são geralmente pedras amarronzadas.

As provas não mentem, mas, para muitos ainda há bastante controvérsia. As cores das pedras citadas em Apocalipse, jaspe e sardônio não são únicas e absolutas, são de diversas possibilidades. Portanto, se Jesus era negro ou não, provavelmente a humanidade nunca vai saber. Mas seus ensinamentos continuam: independetemente da cor, somos todos iguais.

Disponível em: http://www.conexaojornalismo.com.br/todas-as-noticias/o-natal-rediscute-a-verdadeira-imagem-de-cristo-branco-ou-negro-0-36552. Acesso em 19/12/2015.


http://www.perse.com.br/novoprojetoperse/ThumbnailGeneratorSuperBig.ashx?ImageId=C:\inetpub\wwwroot\novoprojetoperse\BSU_Data\Books\N1430318234879\BookCover.jpg

Abraço e cheiro!

Irenilson Barbosa.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Publicada a Nova Norma ABNT de Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos

NBR 9050 - versão 2015
"Saiu a nova norma de acessibilidade! Foi publicada pelo Comitê Brasileiro de Acessibilidade da ABNT a revisão e atualização da Norma de Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços e Equipamentos Urbanos, a NBR 9050. As normas de acessibilidade são de interesse social e são citadas pelas Leis Federais de Acessibilidade. Por isso, em 2004, a ABNT firmou acordo com o Ministério Público Federal para a divulgação e acesso das normas por qualquer cidadão interessado. Por meio do Comitê Brasileiro de Acessibilidade (ABNT/CB-40), desde 2000, a ABNT atua na produção das normas técnicas no campo de acessibilidade atendendo aos preceitos de desenho universal, estabelecendo requisitos que sejam adotados em edificações, espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, meios de transporte, meios de comunicação de qualquer natureza, e seus acessórios, para que possam ser utilizados por pessoas com deficiência."
FONTE: INCLUSIVE - inclusão e cidadania - www.inclusive.org.br/?p=28434
CLIQUE AQUI PARA BAIXAR A NORMA

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Dia de Luta da Pessoa com Deficiência e I Semana Cultural Acessível em Salvador

Pessoas com deficiências celebram seu Dia de Luta (21/09) e podem apresentar atividades artísticas e participar de oficinas da I Semana Acessível em Salvador. O evento acontecerá no Espaço Xisto Bahia, no bairro dos Barris, em Salvador, nos dias 21 a 27 de setembro de 2015. Na UNEB, haverá uma Palestra Show com o Prof. Dr. Marcus Welby (primeira pessoa com deficiência visual total a concluir um Doutorado pelo PPGE da UFBA).

 

 I Semana Cultural Acessível entre 21 e 27 de setembro (Foto: Divulgação)

Será realizada entre os dias 21 a 27 de setembro em Salvador a I Semana Cultural Acessível. A série de atividades de cunho artístico-cultural e formativo têm o objetivo de promover maior visibilidade e inclusão de pessoas com deficiência.
O evento acontece no Espaço Xisto Bahia, na Rua General Labatut, no bairro dos Barris. Algumas atividades são gratuitas e outras tem entradas vendidads a preços populares, conforme a programação completa divulgada abaixo.
Durante os sete dias de atividades, pessoas com deficiências motoras, deficientes auditivos, deficientes visuais, jovens com paralisia cerebral, portadores de síndrome de Down e diversos outros perfis apresentarão atividades artísticas e acadêmicas e poderão também ampliar seus conhecimentos em oficinas formativas e debates.
A Semana acontecerá no mês em que são celebradas datas com o Dia Nacional do Teatro Acessível (19), o Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência (21) e o Dia Nacional dos Surdos (26).
Monitores de universidades públicas da Bahia receberam treinamento para acompanhar a programação e vão orientar os participantes sobre as práticas corretas para inclusão de pessoas com variadas deficiências.

Confira a programação:

SEGUNDA-FEIRA | 21/09
9h | ABERTURA: Arte para sentir, políticas para incluir
Convidados: Ministério Público da Bahia; Perspectivas em Movimento; Projeto Teatro para sentir; SECULT Bahia; Superintêndencia dos Direitos da Pessoa com Deficiência - SJDHDS/SUDEF e UNEB. (Gratuito)
14h30 | Casulo de Artes Inclusivas - Por uma Bahia Acessível com exibição do curta Perspectivas em Movimento - A Reinvenção da Diferença» (Gratuito)
18h | Lançamento do documentário Mestres da Dança, na sala Alexandre Robatto.
Com tradução em LIBRAS. (Gratuito)

TERÇA-FEIRA| 22/09
9h às 12h | Roda de Conversa -E por falar em Acessibilidade... (Gratuito)
14h às 18h | Oficina de Formação em Acessibilidade Comunicacional - Arte em LIBRAS com Cíntia Santos ($40)
20h | Show Opaxorô da APAE e convidados ($10 / $5)

QUARTA-FEIRA | 23/09
8h às 12h | Oficina de Formação em Acessibilidade Comunicacional com TRAMAD - Tradução, mídia e áudio-descrição, de Jerusa Ferreira (braille). ($40)
14h às 18h | Oficina Artística: Dança Acrobática com o Grupo Pétalas ao Vento ($25)
20h | Show Qualquer Porto com Mylane Mutti ($10 / $5)

QUINTA-FEIRA | 24/09
8h às 12h | Oficina de Formação em Acessibilidade Arquitetônica com Marcelle Teixeira (Arquiteta), Laísa Mascarenhas e Fernanda Oliveira (Fisioterapeutas) e Antônio Pereira (Consultor em Acessibilidade) ($40)
14h às 18h | Oficina Artística: Ação em Imagens com a Fotógrafa Ana Paula Pessoa ($25)
20h | AcessibiliTAP com a Casa do Sapateado Rachel Cavalcanti ($10 / $5)

SEXTA-FEIRA | 25/09     
8h às 12h | Oficina de Formação em Acessibilidade Atitudinal, com Ana Rita Ferraz (Psicóloga),
Déo Carvalho (Terapeuta holístico) e Ninfa Cunha (Consultora em Acessibilidade) ($40)
14h às 18h | Oficina Artística: Musicalização e Ritmo no Sapateado com a Casa do Sapateado Rachel Cavalcanti ($25)
20h | Espetáculo: Caymmi e a Poética dos Sentidos, com o Perspectivas em Movimento ($10 / $5)

SÁBADO | 26/09
9h Às 12h | Oficina Artística: Reencontro com o Samba, com Déo Carvalho ($25)
16h | Espetáculo: Os Saltimbancos da APAE  ($10 / $5)
20h | Espetáculo: Caymmi e a Pòética dos Sentidos, com o Perspetivas em Movimento ($10 / $5)

DOMINGO | 27/09
9h às 12h |ENCONTROS DE DOMINGO com a OPE (Orquestra Pedagógica Experimental) do NEOJIBÁ ($20 / $10)
17h | Grupo Experimental do CAIS - NEOJIBA/SESI Itapagipe e Orquestra de Violões do NEOJIBA.
19h | Espetáculo: Caymmi e a Poética dos Sentidos com o Perspectivas em Movimento ($10 / $5);

Abaixo, a divulgação da Palestra Show de nosso amigo e colega no Doutorado da UFBA e no GEINE (Grupo de Estudos em Inclusão e Necessidades Especiais da UFBA), Dr. Marcus Welby, na UNEB, no dia 21 de setembro, celebrando o Dia de Luta da Pessoa com Deficiência:


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

CAPITALISMO MUNDIAL EM CRISE REVELA PERVERSIDADE DO SEU SISTEMA DE DESIGUALDADES

Embarcações precárias abarrotadas de africanos atravessam os mares, tentando refúgio para pessoas vitimas das guerras, da fome e da miséria semeadas pelo capitalismo. (Foto 1)

..
Enquanto a mídia brasileira - que assumiu de vez a sua insensatez oposicionista e abriu mão da verdade na seletividade no trato das questões políticas e econômicas - responsabiliza o PT por todas as mazelas da atual crise financeira mundial, tratando o assunto como se fosse só nosso e, infelizmente, conquistando as mentes mais desavisadas, a imprensa mundial e os economistas sérios põem a nu a atual crise do capitalismo em todo o planeta. 
Do fracasso das políticas econômicas e das relações internacionais norte-americanas que geram crises em vários países, especialmente no Oriente Médio e na Àfrica, passando pela absurda situação que gera milhões de refugiados migrando para a Europa e para onde der, tudo é crise! O colapso do sistema que se mantém pelas desigualdades entre ricos e pobres é evidente. Infelizmente, o cinismo de quem faz apologia desse modo de  produção excludente, nas suas diversas formas e faces, continua noticiando a miséria, mas fingindo que os grandes impérios econômicos não têm nada a ver com isso.  Confira as análises transcritas abaixo para compreender um pouco do epicentro desse problema, a partir da situação dos países ricos, especialmente do EUA e de como isso se relaciona com o Brasil.
Milhões de pessoas fugindo para a Europa: o caos capitalista que a imprensa brasileira apelidou de "crise migratória" (Foto 2).
OS PAÍSES DESENVOLVIDOS E A ENCRUZILHADA CAPITALISTA

  
OS PAÍSES DESENVOLVIDOS E A ENCRUZILHADA CAPITALISTA
EUA NÃO ESTÃO CONSEGUINDO SUPERAR A CRISE ESTRUTURAL
São Paulo, 26/04/2015 (Revisado em 19-06-2015)
Referências: Estatização X Privatização, Teoria Anárquica dos Neoliberais, Fraudes Contábeis, Financeiras e Operacionais das Multinacionais ou Transnacionais, Subfaturamento das Exportações, Superfaturamento das Importações de Bens de Produção, Lucros Remetidos para Paraísos Fiscais, Razões do Nosso Eterno PIBinho.
  • OS PAÍSES DESENVOLVIDOS E A ENCRUZILHADA CAPITALISTA
    • A FALÊNCIA DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS
    • AS MOEDAS DOS PAÍSES LASTREADAS EM RESERVAS MINERAIS
    • EM RAZÃO DO DÓLAR FRACO, OS PAÍSES VOLTARAM AO SISTEMA DE TROCAS
    • OS BRICS COMO NOVA FORÇA MUNDIAL
    • A IMPLANTAÇÃO DO NEOCOLONIALISMO PRIVADO
    • CONCLUSÃO
  • CINCO SINAIS DE QUE OS EUA NÃO ESTÃO CONSEGUINDO SUPERAR A CRISE ESTRUTURAL CAPITALISTA
    • CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
    • USA X IRÃ: DESESPERO NORTE-AMERICANO EM LAUSANNE
    • A QUEDA DA DEMANDA MUNDIAL E O ESTOURO DA “BOLHA DO XISTO”
    • MAIS UMA “RECUPERAÇÃO ESPETACULAR” DA ECONOMIA NORTE-AMERICANA VIRA PÓ EM SEMANAS
    • A CRIAÇÃO DO "AIIB" E O VEXAME PÚBLICO DE WASHINGTON
    • E A ECONOMIA DA RÚSSIA NÃO ENTROU EM COLAPSO
    • CONCLUSÃO
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE

Alguns anos antes da eclosão da Crise de 2008, neste COSIFE foram publicados textos em que era afirmado com outras palavras que, por não ter lastro desde a década de 1970, o Dólar poderia levar os países credores a enfrentarem problemas gravíssimos com a perda de suas Reservas Monetárias em Dólares. Essa falta de lastro, que resultaria na perda do valor liberatório do dólar, também afetaria todas aquelas pessoas que possuíssem em casa ou em outros lugares a citada moeda norte-americana sem lastro
Veja em A Derrocada Financeira Norte-Americana - publicado em 20/09/2008. Existem outros textos anteriores. O primeiro deles foi Risco América Versus Risco Brasil publicado em 2002.
Em mais de uma das publicações chegou a ser afirmado que o Dólar só não virou pó, como dizem os profissionais do mercado, porque os países credores estão sustentando o seu preço no Mercado Futuro para que não percam suas reservas monetárias. E o Brasil está entre os 10 maiores possuidores de reservas em dólares. Em 2010 estava em 5º lugar.
Depois da bancarrota acontecida com vários países da Europa em 2011, a situação agravou-se porque o Banco Central Europeu também começou a emitir grande quantidades de dinheiro sem lastro, no sentido de salvar os bancos europeus da falência.
 
Num dos textos deste COSIFE, foi afirmado que um estudioso dos problemas monetários queria criar formas de lastrear as moedas dos países porque a quantidade de ouro existem no mundo não era suficiente para lastrear todo o dinheiro físico que circula pelo mundo.
Os magnatas blindados em paraísos fiscais movimentam mais de US$ 20 trilhões de dólares (de US$12 a US$32 trilhões dizem os estudiosos dos problemas financeiros mundiais; o PIB de todos os países é de 60 trilhões).
Se levarmos em consideração que durante a vigência do Padrão-ouro para o dólar cada unidade daquela moeda correspondia a um grama de ouro, para lastrear o dinheiro dos magnatas de paraísos fiscais precisaríamos ter um estoque 20 milhões de toneladas de ouro. A outra alternativa seria a desvalorizar o dólar para que um grama de ouro custasse, por exemplo, US$ 100 mil ou mais.
Porém, é claro que os americanos resgatariam apenas o "dinheiro vivo" em circulação. É de se imaginar que grande parte daqueles US$ 20 trilhões seja dinheiro escritural. Não é dinheiro em circulação. Logo, poderia ser considerado como dinheiro sem lastro, se as empresas desses magnatas não valerem tanto. As empresas precisariam ter Valor Patrimonial equivalente, descontadas as participações cruzadas (participações recíprocas).
O mencionado estudioso dos problemas econômicos mundiais teve a ideia de lastrear as moedas de cada um dos países em matérias-primas. Até registrou uma patente da grandiosa ideia. Estava escrevendo um livro sobre o tema.
Perguntaram a ele: Como os países desenvolvidos conseguiriam lastrear suas respectivas moedas? Eles dependem das matérias-primas do Terceiro Mundo. O ouro também vem dos países colonizados (por isso são subdesenvolvidos). Tornando-se apenas emergentes e industrializando suas matérias-primas, tais países colonizados poderiam dominar o mundo economicamente.
Imediatamente o pobre coitado do cientista e pesquisador queimou o rascunho de seu livro para não ser queimado vivo em praça pública.
 
Para evitar a constante ameaça de perda dos dólares, muitos países voltaram para o sistema de "trocas" (importação versus exportação) existente no passado anterior a constituição do FMI - Fundo Monetário Internacional. Mas, como disse Delfim Netto, é preciso ter uma moeda padrão. Por isso, além da União Europeia, os BRICS também querem ter a sua moeda padrão, a única que teria lastro em matérias-primas e ouro.
Acostumados desde os tempos da Revolução Industrial a obter matérias-primas sem nada pagar aos países colonizados, razão pela qual estes nunca se desenvolveram, os governantes dos países hegemônicos achavam que podiam perpetuar essa situação em que o Terceiro Mundo deveria eternamente sustentar o Primeiro Mundo.
Não precisa ser Economista ou Administrador, basta ser Contador, para saber que nenhuma empresa prospera tendo muitas Despesas e parcas Receitas. O mesmo acontece com os Paises.
Pergunta-se: Como os países desenvolvidos poderiam manter sua hegemonia importando quase tudo que precisam para sobreviver e pouco sobrando para exportar?
Para eternizar essa enorme inversão de valores, esse descompasso econômico mundial, os países desenvolvidos precisariam manter os paises do Terceiro Mundo como colônias. Mas, pela força das armas o custo operacional é muito alto. Mais barato seria subornar ditadores.
Na década de 1970 os assessores de Reagan e Thatcher, devidamente corrompidos, tiveram a grande ideia de reduzir os tributos sobre lucros obtidos no exterior.
Não deu certo porque os neoliberais transferiram suas fábricas para paraísos fiscais industriais e as sedes virtuais de suas empresas para paraísos fiscais cartoriais que apenas registram empresas offshore (empresas fantasmas, que não existem fisicamente).
Desse jeito, os neoliberais começaram a formar uma grande pirâmide de participações societárias controladas por empresas que resolveram chamar de multinacionais ou transnacionais. E, já estão controlando mais de 66% (2/3) de tudo que é vendido no Mundo.
Cansados de eleger governantes que nada faziam pelos menos favorecidos, no Século XXI os eleitores latino-americanos elegeram socialistas em quase todos os países.

Assim surgiram os Paises Emergentes, destacando-se os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), que juntamente com seus aliados continentais possuem mais da metade da população mundial e por volta de 66% das matérias-primas.
Diante dessa realidade, os países industrializados precisariam importar matérias-primas a U$1 a tonelada para vender 100 quilos por US$ 1.000, depois de industrializada. Entretanto, as fábricas que existiam em seus territórios foram fechadas por seus proprietários.

Daí surgiu a grande ideia de controlar o mundo por meio das empresas multinacionais, que seriam as proprietárias de quase todas as empresas de primeira linha (bluechips) existentes no mundo. Por isso os oposicionistas ao governo federal querem privatizar a Petrobras.
Desse modo, os paises emergentes (proprietários das matérias-primas), assim como os desenvolvidos, continuariam dominados pelas multinacionais possuidoras das marcas e patentes e das empresas que as exploram.
Nesses países explorados pelas multinacionais seriam arrecadados apenas os impostos incidentes sobre a venda de mercadorias e serviços. Os lucros ficariam em paraísos fiscais sem qualquer tributação.

Qual seria a solução para esse novo impasse econômico?
A única solução seria a Estatização, mediante o confisco de todos os investimentos vindos de paraísos fiscais. Os países desenvolvidos também fariam o mesmo e ainda colocariam para funcionar todas as empresas que foram desativadas em seus territórios. Não há outra solução.
 
As especulações com o petróleo, as pressões econômicas sobre a Rússia e a influência geopolítica sobre o Oriente Médio: nada disso tem surtido mais efeito.
Por Antonio Gelis-Filho - publicado em 11/04/2015 - Copyleft - Carta Maior

CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
As últimas semanas trouxeram notícias surpreendentes, mesmo para aqueles acostumados a analisar os eventos geopolíticos. É muito difícil fugir da conclusão de que atingimos uma etapa crítica na transição entre o sistema-mundo capitalista que conhecemos e algo que ainda está por vir.
Parece ter expirado o prazo de validade do modelo adotado pelos países ricos para lidar com a crise estrutural que se tornou mais visível a partir de 2008, modelo esse que inclui a criação de dinheiro sem qualquer lastro em riquezas reais, a negação maciça da existência de qualquer problema maior pela "mainstream media" [Grande Mídia ou Mídia de Massa - manipuladora da Opinião Pública] e a repressão policial crescente como única “política social” para lidar com a crescente pobreza nessas sociedades outrora tão afluentes.
Vários são os sinais de que atingimos o “fim do começo” da transição:
  1. USA X IRÃ: DESESPERO NORTE-AMERICANO EM LAUSANNE
  2. A QUEDA DA DEMANDA MUNDIAL E O ESTOURO DA “BOLHA DO XISTO”
  3. MAIS UMA “RECUPERAÇÃO ESPETACULAR” DA ECONOMIA NORTE-AMERICANA VIRA PÓ EM SEMANAS
  4. A CRIAÇÃO DO "AIIB" E O VEXAME PÚBLICO DE WASHINGTON
  5. E A ECONOMIA DA RÚSSIA NÃO ENTROU EM COLAPSO
NOTA DO COSIFE:
De fato parece o FIM DO COMEÇO. O feitiço virou contra o feiticeiro.
Mas, os economistas ortodoxos, defensores do neoliberalismo, continuam espalhando boatos de que os países desenvolvidos estão se recuperando.
É como aquele lutador de box "peso pesado" (muitas vezes campeão do mundo) que, depois de velho, não aguenta um soco desferido por um franzino "peso pena".
Diante da enrascada em que se meteram, os países chamados hegemônicos foram traídos por seus ricaços (sonegadores de tributos), que agora estão comandando o mundo, sem que alguém os consiga ver, escondidos em Paraísos Fiscais. De algum lugar (paradeiro desconhecido) estão administrando as empresas chamadas de transnacionais que formam um imenso CARTEL controlador das principais empresas ("bluechips") existentes no mundo. Enfim, quase tudo é deles.
E os governantes, devidamente subornados, engabelados pelos lobistas do Grande Capital, fingem que nada podem fazer porque também ficaram ricos, apesar dos seus baixos salários. Ganhariam mais que no governo, se trabalhassem como executivos de multinacionais. Aliás, no governo dos países ditos ricos (que na realidade são pobres, em matérias-primas), já estão trabalhando para aqueles magnatas.
Agora, a  única solução seria o confisco dos investimentos vindos de paraísos fiscais. Mas, se os citados corruptos assim fizerem, o seu rico dinheiro também será confiscado pelo governo, isto é, pelo Estado como Nação politicamente organizada. Enfim, o dinheiro seria confiscado por aqueles que deveriam ser os Representantes do Povo. Porém, preferiram defender os interesses mesquinhos dos seus verdadeiros patrões.
Sarney com a Conversão da Dívida e Collor de Melo com o confisco da Poupança Popular não tiveram sucesso. Teriam sucesso, se tivessem confiscado os investimentos idos para (e vindos de) Paraísos Fiscais. Ou seja, podiam ter confiscado o dinheiro que saiu do Brasil e depois voltou como capital estrangeiro, para compra de empresas brasileiras.
Desse jeito, além das matérias-primas, também está sendo exportado o serviço braçal, científico e intelectual da nossa mão de obra barata e ainda são totalmente remetidos para o exterior os lucros obtidos no nosso território. Grande parte desses lucros saem por meio do subfaturamento das exportações e do superfaturamento das importações de bens de produção. Por isso o Brasil não cresce. Fica aqui o eterno PIBinho.

Um “acordo para firmar um acordo” foi assinado em Lausanne, Suíça, entre o governo do Irã e o grupo de potências conhecido por P5+1: China, EUA, França, Rússia, Reino Unido e Alemanha.
Na realidade, as dificuldades nas discussões sempre foram entre EUA e Irã. Este último deseja prosseguir com seu programa nuclear que alega ter finalidades pacíficas.
Os EUA há tempos consideram o Irã um dos integrantes do dito “eixo do mal” e exige o fim das atividades nucleares que considera suspeitas.
A surpresa vem da análise minuciosa do texto assinado: compreende-se porque o governo de Teerã o celebra como uma vitória.
Após anos exigindo e comandando sanções contra o Irã, negando-lhe o benefício de qualquer dúvida, Washington assinou um texto que essencialmente baseia-se em apenas postergar o momento no qual Teerã poderá desenvolver sua bomba se assim o desejar.
Não surpreendentemente, o governo de Israel, os republicanos norte-americanos e mesmo alguns democratas já anunciaram sua oposição ao texto e sua recusa em aceitar a assinatura do texto definitivo em três meses.
Por que Washington cedeu tanto em Lausanne?
Os críticos de Obama argumentam que o presidente teria colocado seu desejo de alcançar um importante resultado diplomático, um “legado” qualquer, acima dos interesses nacionais. Pouco provável.
Mais razoável é supor que o governo norte-americano já não tem condições de impor seus interesses no Oriente Médio e busca desesperadamente a aparência de uma vitória diplomática.
Chega a ser impressionante que o governo norte-americano tenha assinado um documento, ainda que não definitivo, no qual aparentemente o Irã não terá a obrigação de franquear suas instalações militares aos inspetores internacionais e que cala sobre o reconhecimento de Israel.
Tudo isso enquanto EUA apoiam o ataque saudita a grupos iemenitas que por sua vez são apoiados por Teerã.
É difícil não perceber nesse acordo uma espécie de fadiga dos Estados Unidos em relação à disputa geopolítica no Oriente Médio.

Vendido como uma solução “mágica” para o problema de oferta mundial de petróleo, ainda que altamente poluente, o petróleo extraído de depósitos de xisto (“tight oil”) revela-se como mais uma bolha insuflada pela indústria financeira.
As denúncias já vinham sendo feitas há tempos, mesmo em publicações de negócios como Forbes (vide o texto “Why shale oil boosters are charlatans in disguise”, publicado em janeiro de 2014).
Com a queda mundial da demanda econômica, que pode ser vista, por exemplo, em um preço muito baixo para o frete marítimo, o preço do petróleo também caiu. Arábia Saudita e Rússia podem ainda lucrar com seu petróleo convencional cujos custos de produção são baixos, mas os altos custos da produção de xisto já cobram seu preço: o número de sondas de perfuração em operação é o mais baixo desde 2011.
A inviabilidade do petróleo do xisto como alternativa ao petróleo convencional ficou clara nesse evento. E muito da esperança norte-americana de uma recuperação real de sua economia e de seu poder geopolítico baseava-se nisso.

Em dezembro de 2014 jornais do mundo inteiro publicaram a notícia de que a economia norte-americana vinha crescendo a taxas anualizadas de 4% (alguns diziam 5%).
Comentaristas eufóricos explicavam que finalmente a economia dos EUA tinha saído da crise, que seu crescimento seria saudável e sustentado. Previa-se um 2015 róseo para a economia norte-americana.
Para quem segue os eventos internacionais, entretanto, parecia apenas a manifestação de um ritual semestral que se repete desde a crise de 2008: alguns indicadores econômicos positivos isolados são analisados fora de seu contexto maior, análises estridentemente eufóricas são publicadas na mídia e meses depois, quando a “recuperação” mostra-se inexistente, todos se esquecem do assunto.
Esta vez, porém, parece ter sido a gota d’água: escrevendo no excitável Financial Times, o comentarista Gavyn Davies recentemente (29/03/2015) afirmou que as expectativas otimistas do Banco Central dos EUA (Federal Reserve) para 2015  já estavam sendo desmentidas pelos dados reais.
Quem ainda acreditará quando The Economist e Wall Street Journal anunciarem novamente o fim da “recessão”?
A verdade, dura e incontornável, é que não há recuperação econômica real à vista, seja nos EUA, na Europa ou no Japão.

O AIIB - abreviatura em inglês de Banco da Ásia para Investimento em Infraestrutura - era uma proposta do governo da China lançada no final de 2013 para contornar as limitações encontradas pelo país asiático em instituições lideradas pelo ocidente, tais como Banco Mundial, Fundo Monetário Internacional e Banco para o Desenvolvimento da Ásia.
Com sede em Beijing, a proposta sempre foi resistida pelos Estados Unidos. Finalmente lançado em outubro de 2014, o banco atraiu países asiáticos com grandes economias, tais como Índia e Indonésia.
Mas a grande surpresa viria em março de 2015: a despeito das ressalvas públicas feitas por Washington à instituição, países tradicionalmente aliados aos EUA, como Reino Unido, Austrália, Coreia do Sul, Alemanha, França e até Taiwan submeteram ou decidiram submeter suas candidaturas a membros do banco.
Até mesmo o ex-Secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, publicou um texto em seu blog afirmando que “o mês passado [março de 2015] pode ser lembrado como o momento no qual os Estados Unidos perderam sua posição de garantidores do sistema econômico mundial”, em grande parte baseando sua análise nos eventos que cercaram a criação do banco.

Esquecida pela mídia ocidental, a guerra econômica contra a Rússia parece ter fracassado. O rublo continua existindo e o governo de Moscou não mostra qualquer sinal do enfraquecimento tão sonhado pelo ocidente.
A situação na Ucrânia, cuja integração à União Europeia parece ter desaparecido da pauta de discussões em Bruxelas, evolui para uma verdadeira guerra interna pelo poder, onde “oligarca devora oligarca”. O leste do país tornou-se de fato independente.
A histeria ocidental anti-Rússia parece ter consumido seu combustível, ao menos por enquanto. Com isso, mais uma trapalhada geopolítica ocidental perde fôlego, embora a proximidade de eleições em países europeus importantes sugira que políticos desesperados possam pensar em ações desesperadas.

CONCLUSÃO
O fim do começo é também o fim do período pós-crise de 2008 durante o qual os governos ocidentais acreditavam em sua capacidade de recuperação.
A próxima etapa será, salvo surpresas, a de uma difícil negociação com suas populações, que finalmente começam a entender que o passado não retornará, que os níveis de vida pré-2008 foram embora para sempre e que o futuro não será mais o que costumava ser.
Desnecessário dizer, esses serão momentos de extraordinário risco, de grandes oportunidades e de permanente surpresa para todos que vivem nestes tempos tão intensos.

Textos disponíveis em: http://cosif.com.br/publica.asp?arquivo=20150425fim-do-imperio . Acesso em 04/09/2015.
Foto 1: disponível em: http://cdn2.img.br.sputniknews.com/images/141/37/1413781.jpg.)
Foto 2: disponível em: http://og.infg.com.br/in/17371419-a37-13b/FT1086A/421/GetContentCA2Y10OX.jpg)

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Estudante da UFRB vence I Prêmio Jovem Pequisador da Rede de Bancos de Leite Humano

A estudante Nayara Alves Reis, Bacharel em Biologia e Mestre Microbiologia Agrícola pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), foi uma das vencedoras do I Prêmio Jovem Pesquisador da Rede de Bancos de Leite Humano (rBLH). A discente do Centro de Ciências Agrárias Ambientais e Biológicas (CCAAB) foi premiada na área temática: processamento, controle de qualidade e utilização do leite humano.
A entrega do prêmio acontece entre os dias 21 a 25 de setembro, em Brasília, durante o II Fórum ABC/Fiocruz/Ministério da Saúde de Cooperação Internacional em Bancos de Leite Humano. Na ocasião, serão entregues placas de honra ao mérito e os certificados aos vencedores.
De acordo com Nayara, esse prêmio coloca a Universidade numa posição de destaque no país, uma vez que a UFRB é uma universidade nova, porém com muito potencial para desenvolvimento. “Para mim a premiação é uma forma de reconhecimento do meu esforço, uma vez que sabemos o quanto é complicado desenvolver uma pesquisa neste país, além disso, desenvolver sobre um assunto que ainda é pouco explorado no meio acadêmico é motivador”, revela.
O trabalho denominado “Atividade antimicrobiana de algumas bactérias do ácido láctico isoladas de leite humano” também foi premiado no Congresso Internacional de Microbiologia que ocorreu em Foz do Iguaçu em 2014. Na ocasião, a estudante ficou em terceiro lugar, concorrendo inclusive com pesquisadores estrangeiros.
O Prêmio - O Prêmio Jovem Pesquisador da Rede de Bancos de Leite Humano (rBLH) tem como objetivo incentivar estudantes universitários ou graduados com até 10 anos de formação para a elaboração de trabalhos que poderão contribuir, com excelência, para o fortalecimento das ações desenvolvidas em um dos Bancos de Leite Humano que integram a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano (rBLH-BR) e o Programa Ibero-americano de Bancos de Leite Humano (IberBLH) em países da América Latina, Caribe, Península Ibérica e África. 
 
Fonte: Newsletter UFRB- Acesso em 18/08/2015

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

UFRB abre inscrições para concurso de professor efetivo do CFP


A Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) divulga que estão abertas as inscrições do Concurso Público para Professor Efetivo do Centro de Formação de Professores (CFP), localizado em Amragosa. As inscrições são realizadas através da página eletrônica de concursos da UFRB até o dia 01 de setembro. Os candidatos deverão preencher o Requerimento de Inscrição, anexar os documentos listados no edital e enviar, via SEDEX, à Gerência Técnica Administrativa do CFP, localizado na Av. Nestor de Melo Pita, n. 535, Centro Amargosa/BA. A taxa de inscrição é de R$ 90.
São ofertadas vinte e três vagas distribuídas entre as áreas do conhecimento: Aspectos Biológicos da Educação, Ensino de Ciências Naturais e Educação Ambiental, Educação Infantil, História Social da Educação, Psicologia e Educação, Pesquisa e Educação, Filosofia Geral, Libras, Língua Inglesa, Língua Portuguesa, Literatura Brasileira, Literaturas de Língua Inglesa, Literatura Portuguesa e Literaturas Africanas de Língua Portuguesa, Física, Química e Organização do trabalho pedagógico nas escolas do campo, Currículo e Pedagogia da Alternância.
O concurso contará com as seguintes etapas: prova escrita ou escrita/prática, didática (aula pública), prova de títulos e defesa de memorial. O cronograma será divulgado no site de concursos da UFRB.
Confira o Edital N° 10/2015 e mais informações em:
www.ufrb.edu.br/concursos e http://www.ufrb.edu.br/…/4097-ufrb-abre-inscricoes-para-pro…

quinta-feira, 23 de julho de 2015

HÁ 391 ANOS ERA INSTALADO O TRIBUNAL DA INQUISIÇÃO NO BRASIL

Ignorado pela grande mídia no Brasil - como tem sido comum nos verdadeiros temas de interesse nacional - ontem, 22 de julho, completaram-se 391 anos de um marco nas páginas mais sangrentas e absurdas da história religiosa, econômica e social no Brasil. Naquela data, 22 de julho de 1624, uma Carta-Régia determinava a introdução do Tribunal da Inquisição no Brasil, o qual literalmente foi autorizado a "tocar o terror" por aqui.
Nestes tempos de recrudescimento da intolerância religiosa no Brasil e no mundo e de extrema e conveniente popularidade papal - quando os representantes de antigos algozes posam de bondosas criaturas, mesmo assentados no ouro e nas jóias roubadas dos "não-conversos" em todo o mundo - convém lembrarmos dos males que o extremismo religioso, já causou à humanidade, como ainda causa. Não daremos conta de tudo, mas fica aqui o registro, até para que não esqueçamos dos absurdos e ninguém se arvore mais a repetir as sandices cometidas pelo Catolicismo, todas motivadas não apenas por uma fé equivocada, mas também por extrema ganância e sede de poder temporal.Que aprendamos com tantos erros a respeitar a diversidade religiosa e a nos auto-examinarmos antes de condenarmos os que crêem e vivem de forma diferente da nossa ou afirmarmos que o que eles fazem é "bárbaro" e o que fazemos é "civilizado" e plenamente "aceitável diante de Deus". 
Gravura de Bermard Picart, do século XVIII, formas de tortura empregadas para extrair a confissão de um herege.
Gravura de Bermard Picart, do século XVIII, formas de tortura empregadas para
 extrair a confissão de um "herege".
Em texto publicado no Guia do Estudante, Tiago Cordeiro nos mostra parte do panorama que culminou nos crimes religiosos, econômicos e contra os direitos humanos cometidos pelo Catolicismo no Brasil e em Portugal entre os séculos 16 e 18, quando a Inquisição investigou a Colônia. O famigerado "Tribunal do Santo Ofício", principal responsável pelo enriquecimento da Igreja Romana em todo o mundo, pelo que se sabe, somente aqui no Brasil, prendeu mais de mil pessoas e mandou 29 para a fogueira. Seu maior alvo foram os cristãos-novos e todos os que se opunham ou praticavam outra fé eram vítimas da barbárie "em nome de Deus". Confira o texto abaixo e conheça um pouco mais sobre o assunto.

A história da inquisição no Brasil

"Arrependo-me e peço perdão porque pequei. "Pela primeira vez em dois anos de martírio, Guiomar Nunes disse o que os inquisidores queriam ouvir. A multidão reunida na praça do Comércio, em Lisboa, na tarde de 17 de junho de 1731, gritava contra os hereges, enfileirados diante de um palanque, onde se encontravam autoridades políticas e religiosas. Diante de 3 mil pessoas eufóricas, um a um, os sete réus foram chamados à contrição uma última vez. Acusada de judaísmo, a pernambucana entre eles resistiu muito antes de confessar. Enfrentara interrogatórios duríssimos na prisão. Suas palavras derradeiras, porém, não bastaram para o Tribunal do Santo Ofício. O inquisidor se ajoelhou no tablado montado para a ocasião e, enquanto os auxiliares retiravam-lhe a capa e o barrete, os condenados eram aspergidos com água benta. Em seguida, receberam suas sentenças. Aos 47 anos, Guiomar foi garroteada - estrangulada com uma espécie de torniquete -, e seu corpo, consumido no meio da praça por chamas de até 6 m de altura. Ao pedir perdão, conseguiu evitar que fosse queimada viva. Do outro lado do Atlântico, no Engenho de Santo André (na atual Paraíba), o vendedor de latas Luís Nunes de Fonseca acabara de se tornar viúvo, com oito filhos do casal para criar.

Guiomar morreu em Portugal porque o Brasil não torturou ou fez arder seus hereges em fogueiras. Mas ela foi delatada e presa em um processo iniciado por aqui. E não foi a única. Por mais de 200 anos, a Inquisição católica atuou nas terras da América portuguesa. Estimulou delações e criou um clima de terror nas principais cidades por meio dos temidos visitadores e de auxiliares locais, integrantes do clero. Prendeu e enviou para a Europa pessoas que dificilmente voltavam à terra natal. Quem não foi condenado ao degredo e perdeu todos os bens acabou, como se dizia na época, purificado pelo fogo. A exemplo de Guiomar e dos outros condenados queimados com ela, que nem sequer puderam ser enterrados, suas cinzas foram espalhadas ao vento.
A capital baiana e outras cidades receberam os visitadores com procissões (ilustração: Kléber Sales)

Cristãos-novos

À frente da União Ibérica, o rei Filipe IV bem que tentou instalar um tribunal do Santo Ofício no Brasil, em 1623, mas não teve autorização da Igreja e desistiu diante das invasões holandesas no Nordeste. Entre os séculos 15 e 16, com a ocupação de colônias na Ásia e nas Américas, Portugal e Espanha empenharam-se em retomar as perseguições que marcaram a Idade Média. O objetivo era garantir que as novas terras se tornassem obedientes à fé europeia e controlar com rédea curta a crescente população de cristãos-novos (descendentes de judeus convertidos).

A chamada Inquisição medieval teve características distintas. Começou no século 13 (com precedentes no século anterior), agiu principalmente na França e na Itália e perseguiu quem discordava dos dogmas do catolicismo ou desrespeitava suas estritas normas de conduta. No século 15, porém, no auge do Renascimento, a atuação dos inquisidores era decadente. Após pressionar muito o papa, a Espanha conseguiu recriar o tribunal, em 1478, e Portugal, em 1536. Estava inaugurada a Inquisição moderna. Os espanhóis instalaram tribunais em cidades centrais de suas colônias: Cartagena, Lima e Cidade do México. Os portugueses conseguiram fazer isso apenas na mais distante: Goa (na atual Índia).

"Os judeus, em princípio, não podiam ser perseguidos pela Inquisição, que investigava apenas as pessoas batizadas. Mas, depois de forçados à conversão, seus descendentes eram investigados até mesmo dez gerações depois. Era racismo mesmo", diz o historiador Bruno Feitler, autor de Nas Malhas da Consciência - Igreja e Inquisição no Brasil. Os cristão-novos eram estigmatizados e perseguidos havia pelo menos três séculos. Com o surgimento de colônias afastadas dos centros de poder, muitos deles preferiram se mudar (ou foram expulsos), o que causou preocupação nas autoridades locais, que temiam a retomada de práticas judaicas. Considerada a primeira professora do Brasil, Branca Dias foi vítima desse cenário. Denunciada pela mãe e pela irmã (possivelmente sob tortura) ainda em Portugal, ela respondeu às acusações de judaísmo, cumpriu pena de dois anos de prisão e depois imigrou com o marido para Pernambuco, onde foi investigada mais uma vez - mesmo vários anos depois de morta, em 1558. Acabou condenada, assim como suas filhas e netas (elas, sim, estavam bem vivas...).

Com a atuação nas metrópoles e no além-mar, esse segundo momento da Inquisição foi marcado por um controle muito maior do Estado, que sustentava os tribunais e se responsabilizava por organizar os autos de fé, as grandes simulações do Juízo Final. Invariavelmente, as fogueiras eram acesas, os hereges, queimados (vivos, mortos ou na forma de bonecos, as efígies), e o povo festejava madrugada adentro. No Brasil, os representantes do Tribunal do Santo Ofício eram as autoridades eclesiásticas locais, que tinham autonomia para identificar casos de desobediência à fé, realizar investigações preliminares e prender os suspeitos, remetidos para Lisboa, onde o processo era concluído. Essa estrutura funcionou entre os séculos 16 e 18. A sede podia estar distante, mas a Inquisição mostrou sua força bem de perto, especialmente quando enviou funcionários para visitas pessoais a algumas áreas cruciais da Colônia.

Visitações


Era um grande acontecimento. O desembarque do emissário mobilizava a população e fazia multiplicar as procissões. Acompanhado de um séquito de dezenas de pessoas, o visitador era instalado em algum casarão central, onde o governador-geral, funcionários de alto escalão, juízes, bispos, vigários e missionários passavam para o beija-mão. Em 1591, a recepção ao primeiro dos quatro enviados parou Salvador: "Heitor Furtado (de Mendonça) veio debaixo de um pálio de tela de ouro e, adentrando a Sé, ouviu renovados votos de louvor à sua pessoa e ao Santo Ofício. Dirigiu-se então à capela-mor, após a leitura da constituição de Pio V em favor da Inquisição, onde estava posto um altar ricamente adornado com uma cruz de prata arvorada, e quatro castiçais grandes, também de prata, com velas acesas, além de dois missais abertos em cima de almofadas de damasco, nos quais jaziam duas cruzes de prata. Em meio a todo esse luxo, o visitador rumou para o topo do altar, sentou-se numa cadeira de veludo trazida pelo capelão e recebeu o juramento do governador, juízes, vereadores e mais funcionários, todos ajoelhados perante o Santo Ofício", descreve o historiador Ronaldo Vainfas. Sabe-se que Mendonça chegou preocupado - tinha lido um texto em que o padre Antônio Vieira dizia que, no Brasil, "não se guarda um só mandamento de Deus e muito menos os da Igreja".

O início das visitas marcava o Tempo da Graça, período de até 60 dias em que todas as pessoas eram "convidadas" a se manifestar. Nas ruas eram afixadas cópias do monitório, documento que listava os "crimes" sujeitos a investigação, incluindo blasfêmias, sacrilégios e, claro, transgressões sexuais e judaísmo. "Quanto mais rápido a pessoa se apresentava, menos suspeitas levantava contra si", diz Fernando Vieira, professor da Universidade Católica de Brasília. A essa altura, a festa dava lugar à tensão. Como as denúncias eram anônimas, aquele era o momento ideal para vinganças. Uma mulher trocada pelo marido, por exemplo, poderia denunciá-lo por bigamia (também há casos de denúncias de homens abandonados pela mulher). Um comerciante passado para trás nos negócios era capaz de sugerir que o concorrente praticava o judaísmo. Escravos denunciavam os seus senhores por sodomia. Na medida em que as acusações se acumulavam, os suspeitos eram levados para diante do visitador. Nem sempre sabiam qual o suposto crime. "No século 17, um homem acusado de homossexualismo confessou judaísmo porque achou que esse era o motivo da denúncia. Acabou julgado pelos dois", afirma Feitler.

Muitas vezes, amigos entregavam uns aos outros e familiares eram forçados a voltar-se contra um parente. Foi o que ocorreu com Ana Rodrigues, a primeira moradora do Brasil condenada à fogueira (leia essa e outras histórias a partir da pág. 30). "A chegada do visitador causava um descontrole nas relações sociais", diz o historiador Angelo Assis, professor da Universidade de Viçosa. O barbeiro Salvador Rodrigues foi acusado de sodomia pelos próprios irmãos na Belém de 1661. O inquérito levantou uma vasta rede de contatos homossexuais e acabou punindo outras pessoas na cidade.

Tradicionalmente, são citadas três visitações ao Brasil. A primeira, entre 1591 e 1595, passou por Bahia, Pernambuco, Itamaracá e Paraíba, num momento em que a União Ibérica enviava vários inquisidores às suas colônias. A segunda, de 1618 a 1621, a cargo de dom Marcos Teixeira, voltou à Bahia, dessa vez com maior foco na busca por cristãos-novos. A terceira, de 1763 a 1769, visitou a província do Grão-Pará e Maranhão e ficou sediada em Belém. As motivações dessa última não estão muito claras, mas a explicação mais comum é a de que ela funcionou para prover suporte ao novo governo local e para mudar a direção da Igreja na região - o visitador, Giraldo José de Abranches, chegou com o novo governador-geral, Fernando da Costa de Ataíde Teive, e acumulou o posto de novo bispo da província. De toda forma, em nenhum outro lugar foram investigados tantos curandeiros e feiticeiros quanto naquelas paragens.

Dúvidas

Os arquivos dessas investigações ainda não são totalmente conhecidos. Localizados na Torre do Tombo, em Portugal, eles citam 40 mil nomes de pessoas perseguidas, mas sem classificação por local de nascimento. Tampouco está claro se essas foram as únicas visitações. Recentemente descobriu-se outra, entre 1627 e 1628, que passou por Rio de Janeiro (onde o visitador Luís Pires da Veiga foi ameaçado de apedrejamento pela população), São Paulo e São Vicente. "Com certeza, há visitações das quais ainda não se encontraram os livros, fora aqueles que se perderam em naufrágios", afirma Assis.

O certo mesmo é que a Inquisição teve grande impacto na vida da Colônia. "A ação inquisitorial se fez sentir em todo o Brasil desde o início da colonização até o século 18, mesmo em capitanias que nunca receberam visitações, como Minas Gerais e Ceará", afirma a historiadora Marcia Eliane Souza e Mello, professora da Universidade Federal do Amazonas. Tanto isso é verdade que há registros de processos antes da primeira visitação. Já em 1546, o donatário da capitania de Porto Seguro, Pero do Campo Tourinho, foi denunciado por ter afirmado que, em suas terras, ele era o "papa" e que trabalhador nenhum tiraria folga nos domingos e dias santos. Ao longo da década de 1550, em Salvador, o bispo dom Pedro Fernandes Sardinha, o primeiro do Brasil, exerceu funções inquisitoriais.

Bispos, padres, missionários, todos os membros da Igreja eram orientados a observar os costumes de seus fiéis e encaminhar os casos suspeitos para instâncias superiores. Mas a rede do Tribunal do Santo Ofício era mais vasta: havia representantes locais escolhidos no clero, os "comissários", que tinham a obrigação de circular pela região com os olhos (e ouvidos) bem abertos. E contavam com a ajuda de informantes, os "familiares", homens influentes que conseguiam da Igreja um certificado de que tinham boa conduta e "sangue puro", intocado por antepassados judeus (o poeta Cláudio Manoel da Costa, por exemplo, foi recusado por "suspeita de sangue"). Os "familiares" acompanhavam as prisões e o confisco de bens determinado pelos comissários, às vezes antes mesmo da conclusão dos processos. A Quaresma era estratégica: todos os habitantes tinham o dever de confessar os pecados - e de entregar os alheios, sob pena de responder como cúmplices.

As grandes cidades foram as mais visadas. Minas Gerais, no auge da mineração, foi alvo preferencial. Assim como o Rio de Janeiro, na medida em que crescia em importância. No fim das contas (ao menos das disponíveis), veio de lá a maior parte dos acusados. "Rio e Minas, principalmente no século 17, tinham um importante número de representantes inquisitoriais. Mas há vítimas espalhadas por boa parte do país, como no Espírito Santo, no Piauí e em Goiás", diz a historiadora Anita Novinsky, da USP. Só na Paraíba, no século 18, 50 pessoas do mesmo círculo familiar foram presas, acusadas de manter as esnogas (sinagogas secretas). No Mato Grosso, foram cinco viagens de comissários em busca de casos de feitiçaria. O "mandingueiro" Manoel Francisco Davida não escapou.

Técnicas de investigação

Sobretudo nos inquéritos por judaísmo, era comum os acusados se comprometerem por manter tradições como enterrar os mortos em terra virgem e certos hábitos à mesa. O capelão do inquisidor geral em Portugal, Andrés Bernardez, recomendava: "Existe uma forma judaica de cozinhar e comer, a que todos devemos estar atentos. Eles preparam seus pratos, principalmente a carne, com muito alho e cebola, fritando-os ao invés de assá-los ou utilizar a banha de porco". Na Bahia de 1560, a mucama de Joana Fenade a denunciou por "fritar cebolas em óleo e jogá-las numa panela com carne para todos comerem".
É verdade que a Inquisição foi muito mais mortal em outras praças (veja à dir.), mas isso não diminui o rastro de medo deixado no Brasil. De toda forma, ela legou aos historiadores relatos preciosos sobre o cotidiano da Colônia até cerca de 1768, quando o Tribunal do Santo Ofício português foi transformado em tribunal régio (no contexto das reformas do marques de Pombal), o que esvaziou sua atuação. A extinção formal ocorreu em 1821. Os processos reproduzem hábitos religiosos, alimentares, sexuais... As toneladas de papel arquivadas no Tombo apresentam da genealogia detalhada das famílias envolvidas às traições nos casamentos. "É um acervo riquíssimo e ainda não totalmente investigado", diz Novinsky.


Infelizes condenados

Algumas das vítimas dos visitadores e dos representantes da inquisição


Ana Rodrigues


A cristã-nova era uma octagenária quando foi presa, na Bahia, em 1593, acusada de judaísmo. Morreu na cadeia, em Lisboa, e ainda assim foi punida: seus ossos foram incinerados após dez anos. Era a primeira prisioneira da colônia levada à fogueira.

Bento Teixeira

Um dos primeiros poetas do Brasil, o português fugiu para Pernambuco após matar a esposa. Sua biografia é nebulosa, mas, em 1594, foi intimado pelo visitador Heitor de Mendonça, acusado de judaísmo. Foi condenado em Lisboa, mas acabou libertado.

João Fernandes

Foi delatado por amigos na cidade de Olinda, com 20 anos de idade, em 1594. Admitiu ter tido "ajuntamento carnal nefando e sodomítico" em uma rede com Bartolomeu Pires, filho do ferreiro da região. Foi denunciado em praça pública, mas seu destino é desconhecido.

Antonio de Gouveia

Ordenado sacerdote, o açoriano virou jesuíta. Foi desligado da ordem ao ser acusado de praticar necromancia. Preso, acabou desterrado para Pernambuco, onde foi detido de novo, em 1571, por manter as "atividades mágicas" com mortos.

Feliciana de lira Barros

Nascida no Pará, era costureira e cristã-velha. Viúva aos 36 anos, foi processada por sodomia, denunciada por vários parentes, em 1763. Foi levada a Portugal para julgamento, mas não se sabe exatamente o que aconteceu com ela depois disso.

Manuel lopes de Carvalho


Foi um dos poucos brasileiros queimados vivos. Nasceu na Bahia e ordenou-se padre. Defendia a união entre o cristianismo e o judaísmo. Na prisão, chegou a dizer que seria ele o messias. Morreu em 1726.

Antonio José da Silva
Conhecido como "o Judeu", nasceu no Rio de Janeiro, em 1705. Estudou direito em Coimbra e escreveu peças que ironizavam a sociedade portuguesa. Foi preso com a mãe e a esposa em 1737. Condenado, pediu perdão e, por isso, foi morto antes de ser queimado, em 1739.


Saiba mais

LIVROS

Inquisição: Prisioneiros do Brasil, Anita Novinsky, Expressão e Cultura, 2002.

O mais completo levantamento sobre o assunto, com estudos de caso e estatísticas.

Inquisição em Xeque: Temas, Controvérsias, Estudos de Caso, Ronaldo Vainfas, Bruno Feitler e Lana Lage da Gama (orgs.), Ed. Uerj, 2006.

Somatória de artigos que analisam a Inquisição no Brasil em vários aspectos.

O Diabo e a Terra de Santa Cruz, Laura de Mello e Souza, Companhia das Letras, 1986.
Até hoje uma relevante obra de referência sobre os hábitos dos habitantes da colônia que foram perseguidos.

A inquisição...

• Investigou 1076 pessoas no brasil e condenou 29 à fogueira (vivas, depois de mortas ou queimadas em efígie).

• Foram 778 homens e 298 mulheres processados, sendo que... 46,13% dos homens e 89,92% das mulheres foram acusados de judaísmo

• 38% dos homens e 8% das mulheres foram denunciados por realizar feitiçaria ou pactos com o demônio

• O restante foi enquadrado nas outras heresias, em especial bigamia e sodomia

• Do total de investigados, 27,76% eram mercadores e agricultores, contra 12,86% de artesãos

Outros Tribunais

Em Portugal, foram...

• 29 590 investigados

• 2 441 condenados à fogueira

Em Goa, foram...

• 3 800 investigados

• 42 condenados à fogueira

Fonte: Anita Novinsky, dados localizados nos arquivos da Torre do Tombo. período de 1536 a 1821

Texto disponível em http://guiadoestudante.abril.com.br/aventuras-historia/historia-inquisicao-brasil-681826.shtml. Acesso em 23/07/2015.

terça-feira, 7 de julho de 2015

IGREJAS DA CONVENÇÃO BATISTA BAIANA SE PRONUNCIAM SOBRE INTOLERÂNCIA E AFINS

Embora eu faça ressalvas a algumas afirmações e às ambiguidade perceptíveis em alguns trechos do documento, considero um importante avanço que a Convenção Batista Baiana, finalmente tenha se pronunciado sobre temas contemporâneos que afetam diretamente à nossa sociedade, alguns dos quais ameaçando a ordem democrática e social estabelecida, e demonstrando que não endossamos jamais às posturas reacionárias de alguns que se intitulam representantes dos evangélicos no trato de tais assuntos diante da mídia, de seus seguidores e dos demais cidadãos. Segue, abaixo, o documento denominado CARTA DE IPIAÚ, suprimindo-se apenas as referências bibliográficas e os nomes dos que as subscrevem no texto original por questões de formatação e por se tratar de documento aprovado em plenário, por isso, e desde então, um texto oficial da Convenção Batista Baiana. 

" CARTA DE IPIAÚ


As Igrejas Batistas da Bahia, reunidas em sua 92ª Assembleia da Convenção Batista Baiana, na cidade de Ipiaú, nos dias, 30/06 a 04/07, fazem uma declaração pública em resposta ao cenário de intolerância vivido em nosso país.

SOBRE O CENÁRIO CONTEMPORÂNEO

O Brasil está vivenciando um período crítico extremamente preocupante: crise econômica e política, falta de um projeto político nacional, falta de estadistas, lideranças políticas medianas, falta do senso de bem comum e a prevalência dos interesses pessoais e privados sobre o interesse comum.

Há tensões de toda ordem: gênero, gerações, étnicas, regionais e religiosas que tem produzido toda forma de violência, inclusive homicídios. Há violências, conflitos sociais, étnicos, abusos de drogas. O medo parece comum e a resposta violenta que imponha mais medo parece a resposta mais óbvia e a única solução. Exemplo mais visível dessa cultura de imposição de uma força mais bruta e de mais violência é a proposição da redução da maioridade penal no Congresso Nacional.

Lideranças, inclusive religiosas, incitam a agressão, o fundamentalismo, o fanatismo, o ódio, a demonização do outro. As religiões muitas vezes são utilizadas para obtenção de poder econômico ou político, desviando-se completamente do seu propósito original.

Vivemos, no Brasil, numa jovem democracia. A redemocratização política tem menos de 30 anos.  Ainda há necessidade de políticas públicas de gênero e etnia num claro reconhecimento de que há ainda desigualdades entre pessoas de gênero e etnias diferentes, ou seja, ainda não vivemos uma democracia plena, madura.

Num Estado democrático religião é assunto do indivíduo e seu Deus e não do Estado. A jovem democracia brasileira só passa a experimentar essa realidade a partir da década de 50 do século XX e só chega às religiões mais excluídas na metade da década de 70, quando deixa-se de exigir das religiões de matriz africana a obrigatoriedade de licença junto às autoridades policiais para realização dos seus cultos. Portanto, também no campo da tolerância religiosa ainda somos aprendizes e por certo temos grandes desafios, mas temos que ter a firme convicção de que não queremos retroceder ao tempo da religião oficial onde os desafetos eram apedrejados e aprisionados.

Todavia, apesar do avanço democrático, há claramente um retrocesso que se revela preocupante.  Há um ressurgimento de preconceitos que julgávamos mortos e sepultados.  A famosa “cordialidade brasileira” parece dar lugar a um espírito beligerante.  Há guerras e intolerância num nível que julgávamos superados.

É bom lembrar que por trás de toda intolerância há sempre disputa de poder. A intolerância é ainda uma das formas de opressão contra os mais fragilizados por sua condição econômica, religiosa, étnica e sexual. A intolerância via de regra, produz um imperialismo social onde o diferente não é tolerado estabelecendo-se uma ditadura.

Diante desse cenário, agravado pela fala de supostos representantes do segmento evangélico, nós os batistas baianos decidimos manifestar publicamente e oficialmente sobre este tema.

CONSIDERANDOS
Os princípios batistas consideram que “cada indivíduo foi criado à imagem de Deus e, portanto, merece respeito e consideração como uma pessoa de valor e dignidade infinita”; que “cada pessoa é competente e responsável perante Deus nas suas próprias decisões e questões morais e religiosas”; que “cada pessoa é livre perante Deus em todas as questões de consciência e tem o direito de abraçar ou rejeitar a religião, bem como testemunhar sua fé religiosa, respeitando os direitos dos outros”.

Diante disso é correto afirmar que cremos que o indivíduo pode se relacionar com Deus sem a imposição de credos, interferência de mediadores ou intervenção do governo civil.

Tendo sido, nós, batistas, vítimas da intolerância e perseguição religiosas ao longo da nossa história de 400 anos, desenvolvemos uma paixão pelo tema da liberdade religiosa.  Já em 1612 foi escrito por Thomás Hellwys o primeiro apelo em língua inglesa em favor da completa liberdade religiosa. Neste documento ele reafirma sua lealdade ao Estado, mas declara o que acredita ser a delimitação do poder do Estado e o princípio da liberdade religiosa para todos os indivíduos: “quer sejam eles heréticos, turcos, judeus ou o que quer que sejam, não compete a qualquer poder terreno puni-los...”.

Os Batistas fundamentaram sua crença na liberdade religiosa em verdades extraídas da própria Bíblia Sagrada. O Deus soberano criou seres livres.  Impedir o uso da liberdade de seres criados à imagem e semelhança de Deus é aviltar a criação de Deus e intentar contra a sua mais sagrada criação. Impor uma religião ou impedir o exercício da fé de alguém é impedir o exercício de uma fé autêntica, visto que esta só é fé se for livre.

Aquele que é o nosso Senhor é Mestre conviveu num mundo semelhante ao atual, permeado por cosmovisões diferentes da sua, tais como gregos, cananeus, discípulos de João e até pseudodiscipulos seus e em diversas ocasiões, mesmo incitado a exterminá-los ou impedir de exercerem a sua fé, recusou-se a fazê-lo: “não sabeis de que espírito sois?” E “não os impeçais”.

Os batistas ensinam que a salvação é pessoal, a fé individual e relacional, não ritual e que a conversão se dá mediante convicção dos próprios pecados, arrependimento e confiança na graça salvadora de Deus, na pessoa bendita de Jesus. Portanto não convém ao Estado, nem mesmo a qualquer religião impor a sua verdade como única.

DECLARAÇÕES

O ser humano deve ser considerado o valor mais elevado da vida (Salmo 8) e disto decorrem quatro declarações:

SOMOS VEEMENTEMENTE CONTRÁRIOS À CULTURA DA VIOLÊNCIA E ADEPTOS DO RESPEITO À VIDA E A CULTURA DA PAZ
Toda forma de violência cometida ou ensejada, mesmo e principalmente, em nome de Deus não apenas é repudiada, mas negada como procedente de Deus que é o autor da vida, reconciliador, que para pacificar a relação com o ser humano foi capaz de realizar o sacrifício supremo de entregar o seu próprio Filho (João 3:16). Dentre as formas de violência descritas genericamente acima podem ser incluídas: ódio, egoísmos, inveja, rancor, discriminações, opressão, indiferença e desrespeito à liberdade do outro.

SOMOS DEFENSORES DA SOLIDARIEDADE E COOPERAÇÃO ENTRE AS PESSOAS
Denunciamos como antidivinas a cultura do egoísmo e toda ordem econômica que destrói os recursos naturais e explora o indivíduo, que alimenta a corrosão social e aumenta o fosso que separa os ricos, cada vez mais ricos, dos pobres, cada vez mais pobres (Isaias 58). Valorizar a pessoa humana como idealizada por Deus implica em construir uma sociedade mais justa e fraterna com uso racional dos recursos naturais, onde os que governam o façam para todos, onde instituições sirvam as pessoas, onde os direitos prevaleçam independentemente do poder econômico dos envolvidos e onde a resistência seja sempre pacífica.  Para isso defendemos em nosso país as grandes reformas estruturais iniciando com uma ampla reforma política, que independentemente do modelo se paute pelos valores acima descritos.

SOMOS FAVORÁVEIS À CULTURA DE PARCERIA E DIREITOS IGUAIS ENTRE OS SERES HUMANOS INDEPENDENTEMENTE DO GÊNERO
Criados à imagem de Deus, homem e mulher são iguais em valor e dignidade. Todavia temos experimentado milhares de anos de exclusão, opressão e dominação injustificáveis e condenáveis de um sexo sobre o outro. Defendemos que a espiritualidade bíblica conduz a uma relação de respeito mútuo, de tolerância, de reconciliação e de amor entre os gêneros.

SOMOS DEFENSORES DA CULTURA DO DIÁLOGO, DA TOLERÂNCIA E DO RESPEITO A DIVERSIDADE
Estamos comprometidos historicamente com a plena liberdade, não apenas a mera tolerância. Queremos e lutamos pela liberdade de todos os indivíduos ou  instituições/religiões, mesmo para aqueles com os quais temos posicionamentos diametralmente opostos. Como disse o pensador: “posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-las”. O diálogo é a via humana desejável para o entendimento, mesmo entre opositores ferrenhos.  Dialogar é fundamental para evitar ou resolver conflitos que ameacem a vida em qualquer das suas dimensões e onde a solução não seja possível com a decisão de apenas uma das partes. “Se não conversarmos uns com os outros agora, iremos atirar uns nos outros amanhã”.

O diálogo não produzirá um pensamento uniforme, nem uma religião única, mas possibilitará a coexistência, a convivência e por fim a “diversidade reconciliada” e a diferença suportada.

Salvador, BA, 4 de julho de 2015."