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terça-feira, 12 de junho de 2012

O PROFESSOR ESTÁ NU!*


Irenilson de Jesus Barbosa

Mais de 1.000 posam nus para o fotógrafo americano Spencer Tunick, no Mar Morto, em Israel Leia mais
Foto: Spencer Tunick, no Mar Morto (Israel)

Ouvi dizer que, ainda ontem, um professor ficou nu
Me digam! Me falem! Me contem: será que ele surtou?
Teria perdido o cursor? Tão longe dos mares do sul...
Que fato ou dado impreciso sua nudez desenhou?

Cresci ouvindo dizer que nu quem ficava era o rei,
Mas ontem eu escutei que é o professor quem está nu...
Que nudez avassaladora! pena que não confirmei!
Qual era a cor? Eu não sei, nem se era pink ou era blue.

Alguém contou com alarde: Gente, olha o que aconteceu?!
Cenas de filme da tarde, quase ninguém entendeu.
A nudez desse plebeu, já é coisa há muito sabida,
Mas com esse traço de vida, parece que não se inscreveu.

Ele estaria irado? sentia-se um tanto ultrajado?
Tinha, talvez, se molhado e carecia de troca?
Ou se sentia na toca, como roedor humilhado?
Na doida desse coitado, qual o recado que brota?

Ei! Peraí, qual o nome? Deve ter nome o nudista!
Fotografaram o artista? Cursistas, filmaram o fulano?
Será que guardaram os panos, ou preservaram o cenário?
Alguém fez um inventário das vestes desse cicrano?

A nudez é emblemática, o quanto se pode pensar.
Alguém pode analisar o que lhe vinha à cabeça?
Algum comentário se teça ou se nos permita calar!
Talvez, ao se pronunciar, algum elogio mereça.

Talvez sua nudez nos revele sua insatisfação
Com os rumos que a educação tem nessas terras tomado.
Gemendo o professorado, ralha em sua aflição;
Enche-se de comoção, faz-se, então, desnudado.

Chamem, pois, a segurança! Chamem a administração!
O homem com os panos no chão, exibe os penduricalhos!
Será que tomou um atalho? Chorou com a humilhação?
Não me contaram, senão meu texto não seria tão falho!

O professor está nu, nudez completa agora!
Pôs o seu sonho pra fora, mas se encontrou no relento.
Na luta cede ao vento, não mais suporta a demora:
Nudez! Ninguém se controla! Haja tristeza e lamento!

O professor nu é culpado? É desse lado que está?
Ouso eu me reservar de condená-lo assim!
Queria mesmo ao clarim, a cada um perguntar:
O professor nu está, mas quem não está nu assim?






* Poesia escrita à partir da notícia de que um professor resolvera tirar sua roupa e ficar nu em público,  durante um curso de formação continuada oferecido pela SEC-BA, nas dependências do IAT (Instituto Anísio Teixeira) em 08/07/2009.  Eu era servidor do IAT e fui desafiado aos versos pelo inusitado fato. Reedito, agora em razão da constatação de que a nudez e o aviltamento do professor na Bahia e em todo o Brasil é cada vez mais evidente, apesar da desfaçatez de políticos, governantes e empresários que menosprezam a educação e os educadores, apesar de seus discursos cínicos e vazios sobre a importância da educação. Nu... “nu em pelo!” como diria minha velha  e sábia mãe...

Um comentário:

  1. Lembro-me do fato gerador da poesia e da situação, no mínimo esdruxula, amenizada pela poesia divulgada em e-mail corporativo. Saudosas recordações.

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