O valor da passagem de ônibus de Salvador passa a custar R$ 2,80 a partir de segunda-feira (04/06). O anúncio foi feito na tarde desta sexta-feira (1) pelo secretário municipal de Transporte e Infraestrutura, José Mattos, na sede do órgão, no bairro da Federação. Segundo o secretário, o aumento da tarifa de R$ 2,50 para R$ 2,80 foi autorizado porque os rodoviários já tiveram dois reajustes sem que o valor da passagem fosse alterado. O próximo reajuste da tarifa está previsto para dezembro de 2013.
(Veja a opinião dos soteropolitanos sobre o aumento no vídeo acima).
Outras mudanças
O secretário José Mattos também anunciou que até 2014 a capital baiana deve contar com a renovação de mil ônibus. Segundo ele, a definição é fruto de um acordo com os empresários do ramo durante as negociações feitas na última semana. Neste mesmo prazo, 70% da frota deve ser adaptada para atender aos passageiros portadores de deficiência.
A partir das 00h de segunda, os passageiros que utilizam a integração tarifária, por meio do pagamento com o Salvador Card, passam a ter um intervalo maior para pegar ônibus de letra diferente com direito a pagar metade do valor da passagem. Atualmente o usuário tem o espaço de uma hora para pegar o coletivo de letra diferente, pagando valor reduzido. Esse prazo vai aumentar para duas horas. A integração tarifária ocorre entre as quatro áreas de operação do sistema (vermelha, verde, azul e amarela ou A, B, C, D), sendo que cada área só integra com as outras três. A segunda viagem tem o valor de 50% da primeira.
Os Correios, a Polícia Militar e outros órgãos públicos serão notificados, pois a partir das novas definições, os profissionais dessas entidades passam a pagar passagem.
Reivindicações
O reajuste entrou em pauta depois que o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps) encaminhou pedido para que o valor das passagens dos ônibus passasse para R$ 3,15, configurando 26% a mais em relação ao valor anterior.
Na quarta-feira (29), ocorreu a primeira reunião entre empresários e representantes da prefeitura, que durou mais de três horas. O encontro ocorreu a portas fechadas e o teor da conversa não foi divulgado para a imprensa.
Os empresários alegam "impacto" na planilha de custo de mão-de-obra por conta do reajuste salarial de 7,5% e de 4,09% nos tíquetes de refeição aos cobradores e motoristas, concedidos pelo Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região (TRT-5) no julgamento dos dissídios coletivos da categoria, que manteve greve por quatro dias.
Ano | Mês | Valor |
---|---|---|
2002 | Maio | R$ 1,10 |
2003 | Janeiro | R$ 1,30 |
2003 | Agosto | R$ 1,50 |
2005 | Outubro | R$ 1,70 |
2007 | Janeiro | R$ 2,00 |
2009 | Janeiro | R$ 2,20 |
2010 | Fevereiro | R$ 2,30 |
2011 | Janeiro | R$ 2,50 |
O TRT-5 determinou também o retorno do pagamento do quinquênio, benefício pago aos rodoviários que têm mais de cinco anos de atividade, o que, segundo o Setps, compromete R$ 700 mil por mês. O custo é referente ao pagamento do benefício a cerca de 18 mil trabalhadores, número que abrange 80% da categoria, informou o Sindicato. Na soma de reajustes e benefícios, o setor prevê "impacto" de R$ 5,9 milhões mensais. Segundo a categoria dos empresários, a mão-de-obra que "pesava" 46,7% aumenta agora para 49,7%.
O Setps alega que a tarifa de R$ 2,50 está defasada há seis meses em relação ao custo real de cada passageiro, estimado em R$ 2,96 até a decisão. O Setps afirma que o último pedido de aumento ocorreu em 2011 e foi negado pela gestão municipal. De acordo com dados passados pelo Setps, de 2002 até 2011, o valor da passagem de ônibus cobrado na capital baiana saiu de R$ 1,10 para R$ 2,50 (confira a tabela acima).
O presidente do Setps, Horácio Brasil, disse ao G1 que a prefeitura tem que decidir se subsidia o reajuste ou se o remete para ser custeado pela população. "Temos saídas. A primeira é o subsídio público, previsto na legislação. A outra é o repasse direto para o usuário. A prefeitura decide", diz. Ele explica que no valor de R$ 3,15 solicitado é embutido, inclusive, gratuidades para idosos e deficientes. "O valor se refere até ao custo dos gratuitos. A prefeitura não subsidia os gratuitos, ninguém arca, a não ser os passageiros. É como se fosse um grande condomínio e um terço não pagasse o valor mensal", disse.
Para Horácio Brasil, a baixa qualidade no serviço oferecido à população é reflexo da falta de infraestrutura municipal. Além disso, aponta o baixo número de vias na cidade. "É impossível, não se pode dar um bom serviço com o nível de engarrafamento que se tem. Não temos como prestar um sistema eficiente e decente se os veículos passam parte do dia em engarrafamentos", avalia. A Secretaria Municipal de Transportes e Infra-Estrutura (Setin) afirma que a pasta tem ciência do pedido, mas ainda está muito cedo para se manifestar sobre o assunto.
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