Irenilson
de Jesus Barbosa [1]
O dia
amanheceu com uma saudade doída
De uma
pessoa querida, seus gestos e seu olhar;
O dia
amanheceu faltando um pedaço da vida,
Com sombra
adormecida querendo fazer-se notar.
O dia
se fez tão aquém, trazendo uma falta danada,
Deixando
a voz embargada, o olhar perdido no além;
Trouxe
a saudade de alguém, e uma lacuna malvada,
Deixando
a boca calada que ainda assim se mantém.
O dia
trouxe memórias e restaurou as lembranças,
E
recordou da criança, a que tem no pai seu herói,
Um
vulto que se constrói no refazer da esperança,
Essa
que nunca descansa quando a saudade mais dói.
O dia nos
fez lembrar daquele ausente sorriso,
E do
gracejo impreciso, a cada oportunidade.
Na sua
generosidade, no seu bom humor incisivo,
O amor
de um ser decisivo que nos fez ser de verdade.
O dia
se deu ao desfrute de até amanhecer cantando,
Mesmo
se alguns estão chorando, com dura realidade;
É que
ele vem, na verdade, a tantos assim consolando,
Pois, quem
está no tempo faltando, não falta na eternidade.
O dia que
amanheceu nublado, chuvoso e meio assim,
Com
meu sorriso chinfrim, entre parcos cumprimentos
Achou
o seu melhor alimento nas notas, quase sem fim,
Tocadas
pelo clarim do meu relembrar bons momentos.
O dia
trouxe um chamado pra renovar a certeza
De que
aquela falta na mesa, é falta do coração;
Mas
também é emoção, saudade que tem sua lindeza,
Pois
enquanto a falta é tristeza, a fé é consolação.
O dia
trouxe pra mim, lembranças do meu marinheiro
Velho garboso,
altaneiro, envolto em simplicidade;
Das
falas, risos, bondade, quase um matuto, roceiro;
Se
pensar nele, ligeiro, assim me vem a saudade.
O dia
me lembrou da voz, do tom bem pouco sisudo,
Doce velho
bigodudo, de quem me lembra o espelho,
Do
papé... dos bons conselhos, do apelido Miúdo,
O
peito farto e peludo onde deitei, qual fedelho.
O dia
trouxe, entre tudo, uma certeza bondosa,
A de
que o velho tão prosa, só me deixou alegria,
Música
viva, eufonia, cheiro de árvore boa e frondosa,
E a
saudade desditosa converteu-se em cantoria.
O dia
ficou festivo, crendo que a dor dessa tristeza
Que as
vezes vem com agudeza, perdura só um instante.
Pois, pais
e filhos amantes, com ou sem faltas à mesa,
Sabem
que no além-tristeza paira alegria reinante.
Fica a
canção entoada, em verso rico, orgulhoso,
Que
nos invade de gozo, nessa promessa sem par,
Dizendo
que o que semear, mesmo que seja choroso,
Em bom
porvir, mui faustoso, irá cantar ao ceifar.
[1]
Uma poesia feita no Dia dos Pais (12/08/2012), em memória de Irênio Barbosa,
meu saudoso pai, falecido em (10/08/1924 - 29/12/2006). Meu desejo é que a
mensagem conforte e renove a confiança em Deus àqueles que a lerem em meio à igual
saudade, marca indelével da ausência daqueles que amamos.
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