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sábado, 24 de março de 2012

ARRISCANDO O VERSO[1]


Irenilson de Jesus Barbosa

Mulher linda, embebida em paixão pela palavra, que afaga e ressoa,
No olhar sedutor que afeiçoa e me faz arriscar-me nos versos;
Na inteireza da linda pessoa, na canção que em mim já entoa,
No pulsar destes versos em loas, dou-te logo meu texto inconverso.

Entre os ditos que escrevo e me atrevo, o versar que aqui me consome,
Nego a ti logo o meu sobrenome, posto sei que dele não te importas;
Também sei que não te conforta o saber o berço que me tome;
Nem quanto no meu bolso se some, ante a faca do amor que te corta.

Se pessoas vazias são chatas, é bem certo que te trazem sono.
São como árvores de todo outono, onde falta a fruta em fronde;
Ao teu gosto por quem não se esconde, e que não te ofereça abandono,
É que meto a minha cara sem domo, indo à luta como quem responde.

Se te apraz o que mete a cara, arriscando o verso que pulsa,
Desafio-te a vida, em repulsa do que vive inerte assombrado,
Também gosto do abraço apertado, que apetece e a ti impulsa;
Percebendo que a onda convulsa, pode ser surfada ao teu lado.

Ó, singela alegria de versos, em afagos de um querer-te inteira,
Deste a tua alegria primeira ao inventar desses muitos amores;
Os meus versos aludem às cores, que de simples, sorriem à tua beira.
Não me rejeites criança, bela menina matreira, por te mandar parcas flores.

Arriscando meus versos me ousei a sorver um pouco do teu ser,
De tão simples teu riso a trazer, a quem o complicado aborrece,
Dou-me, enquanto o meu texto se tece, e tento agradar-te ao tecer.
Queiras tu, linda moça atender, ao desejo que em mim já floresce.

Quando, pois, desejares abraço, pede-me que apressado te dou.
Do apertado me fiz professor, pois é ele que eu mais aprecio,
Em carinho privado em teu cio, te preservo de abraços de amor,
Porque deste lugar onde estou, já não posso sorver do teu rio...





[1] Inspirado em pensamento de Fernanda Melo: “Eu sou uma eterna apaixonada por palavras. Música. E pessoas inteiras. Não me importa seu sobrenome, onde você nasceu, quanto carrega no bolso. Pessoas vazias são chatas e me dão sono. Gosto de quem mete a cara, arrisca o verso, desafia a vida…Eu sou criança. E vou crescer assim. Gosto de abraçar apertado, sentir alegria inteira, inventar mundos, inventar amores. O simples me faz rir, o complicado me aborrece”. Disponível em http://pensador.uol.com.br/autor/fernanda_melo/.

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