Pesquisas mostram que habilidade adia demência e traz flexibilidade cognitiva
NOVA YORK — Ter a capacidade de falar mais de um idioma pode ser sinônimo de melhor saúde mental. É o que sustenta uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade de Nova York, cujo resultado foi publicado na revista especializada “Trends in Cognitive Sciences”.
— Estudos anteriores já tinham afirmado que o bilinguismo tem um efeito benéfico no desenvolvimento cognitivo das crianças. No nosso trabalho, revisamos estes estudos recentes usando os métodos comportamental e de neuroimagens para examinar os efeitos do bilinguismo na cognição dos adultos — explica Ellen Bialystok, principal autora do estudo.
Segundo Ellen, a necessidade de monitorar duas línguas, a fim de selecionar a mais apropriada para o momento, solitcita regiões cerebrais que são críticas para a atenção e o controle cognitivo. O processo pode reconfigurar e fortalecer estas redes de controle da cognição, possivelmente aumentando a chamada flexibilidade mental, isto é, a habilidade de se adaptar a mudanças contínuas e processar informações eficientemente.
A pesquisa também sugere que o bilinguismo melhora a reserva cognitiva, isto é, o efeito protetor que a atividade física ou mental tem sobre a função cognitiva, garantindo um envelhecimento saudável. Esta reserva também é capaz de adiar o surgimento de sintomas nas pessoas que sofrem de demência, o que foi comprovado por estudos mostrando que pessoas bilíngues apresentam sintomas de demência anos depois das monoglotas.
— Nossa conclusão é de que a experiência de toda uma vida administrando a atenção dada a duas línguas reorganiza as redes cerebrais específicas (envolvidas no processo), criando uma base mais efetiva para o controle executivo e sustentando uma performance cognitiva melhor ao longo de toda a vida — diz Ellen. — Não seria surpreendente que esta experiência deixasse suas marcas em nossas mentes e cérebros, e agora está claro que o cérebro bilíngue é formatado exclusivamente pela experiência.
Na Espanha, o centro Brainglot, dedicado à pesquisa da linguagem, também estuda as diferenças entre cérebros de pessoas bilíngues e monoglotas.
— As bilíngues usam mais áreas cerebrais na tarefa linguística, recorrendo sobretudo ao lado esquerdo do cérebro (relacionado à linguagem), mas também a algumas regiões do lado direito. Isso quer dizer que, no processo, elas precisam empregar mais áreas do cérebro que as monoglotas. Isso poderia significar uma lentidão pouco significativa na hora de manejar a linguagem, mas a parte positiva é que os bilíngues, ao passar o dia todo mudando de idioma, treinam também suas habilidades cognitivas não linguísticas, mais concretamente as funções executivas, que servem para que se adaptem a estas mudanças. Seria possível dizer que, nesta tarefa, os bilíngues são melhores — disse ao jornal “El País” o cientista César Ávila, que trabalha no Brainglot.
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