Irenilson de Jesus Barbosa
Não deixe o mundo
acabar sem me dar um cheiro
Sem um sorriso faceiro,
o que lhe dispa a alma...
Não negue a mão que acalma, o cuidar primeiro,
Pois, sendo o
derradeiro, prefiro a pressa à calma.
Não deixe o mundo
acabar sem dizer que me ama
Sem acender de novo a
chama, aquela adormecida
Rejeita sua dor
ressequida que te prende à cama
O sol já do verão já
reclama: levanta e enfrenta a lida!
Não deixe o mundo
acabar sem cheirar minhas flores
Sem sorver seus olores,
sem sentir seus espinhos,
Não deixe de acolher
no teu ninho o beijo dos amores
Não deixes teus
frágeis temores macular teus caminhos.
Não deixe o mundo
acabar sem rir de si mesmo e de mim
Sem um andar a esmo,
sem fim, sentindo a brisa ao rosto
Não marque seu posto, não demarque o sesmo
chinfrim
Não se faça enfermo
assim, não afague o desgosto!
Não deixe o mundo
acabar sem me beijar na boca
Sem ouvir minha voz
rouca, falando carinho, ao ouvido
Não deixe o alarido bandido
dessa correria má e tosca
Fazer sua vida breve e
louca, alheia aos meu gemidos...
Não deixe o mundo
acabar sem dar a gargalhada,
Sem rir dessa piada,
sem postar a bobeira sem graça.
Não fique zen, nessa
pirraça, assim toda dissimulada,
Cometa, cure, dê
mancada, porque esse tempo passa.
Não deixe o mundo
acabar sem fazer a prece delicada,
A balbuciada, aquela
da noite mais tensa e escura.
Não se esqueça da cura
de açoites da alma angustiada;
Sinta-se frágil, porém
abençoada, busque em Deus ternura.
Não deixe o mundo
acabar sem pedir e me dar perdão,
Sem me ensinar a
canção, sem reabrir o sorriso contido.
Não deixe o bramido
das ondas incertas da tua aflição
Cegar teu coração, eleve
até o chão o teu ego ferido.
Não deixe o mundo
acabar sozinho em uma sexta-feira;
Não deixe a fagulha singela
e derradeira de amor apagar.
Não me deixe de amar,
não tire o seu salto na ladeira;
Mas também não reaja
de primeira: é sempre bom pensar.
Não deixe esse mundo
acabar, sem terminar meus versos;
Sem sentir o sucesso da
vida vivida sem falsos pretextos.
Não deixe morrer no
peito e nos textos os sonhos dispersos
É isso que te peço, enquanto
o mundo se vai... e vem refeito.
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Uns versos para quem espera da vida (e desta semana) muito mais que o fim do mundo... Cheiro!
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