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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A viagem para meus interiores

Ficheiro:Cachoeira das sete volta.jpg
Cachoeira das Sete Voltas - Iguaí - Bahia

Jarbas Matos Santos *
1- Introdução 

O texto abaixo é a transcrição, com alguns acréscimos, da mensagem por mim ministrada na Igreja Batista Salvador Sal e Luz. Tem como objetivo demonstrar aos amados leitores o valor da intimidade com Deus, experimentada em todas as vezes que meditamos em sua palavra, guardando-a em nosso coração. Para tanto vou tentar traduzir em palavras a experiência que tive com Deus durante a minha viagem para Iguaí e os efeitos desse encontro em meu ser, conforme passo a expor. 

No dia 25 de novembro de 2012 fiz uma viagem de Salvador para o interior da Bahia, para minha terra natal, Iguaí, e para o meu interior. Aproveitei o clima de silêncio e solitude próprio de uma pequena cidade e viajei para dentro de mim mesmo. Pude perceber que as incursões são mais difíceis do que as excursões. 

Nasci na rua do campo dessa maravilhosa cidade, que na linguagem Tupi-Guarani significa Fonte de Beber Água. Onde canta o sabiá e voa o colibri... Foi ali que passei a minha infância, comi muita jaca, tomei muito banho de rio, joguei muita bola, brinquei muito de esconde-esconde, pesquei belos piaus-brincos no poço da cachoeira, cacei e peguei muitos papa-capins, joguei gude e pião... Que doce infância! Que nostalgia! Sou o 9° filho do casal José Rocha dos Santos (Deco Rocha – em memória) e Alvina Matos Santos, prestes a completar seus 90 anos de idade. Sou grato a Deus pelos maravilhosos pais, irmãos e toda família Rocha Matos. 

2- Viajando para o meu interior

Inspirado no ambiente de solitude e na vida do Rei Davi, que conversava com sua própria alma e pedia a Deus para sondar o seu coração, comecei esta viagem para dentro de mim mesmo, com meditação e diálogo intrapsíquico. Continuei viajando, neste pare e pense. Prossegui avançando para o mais recôndito do meu ser.

Fui para o quintal da casa da minha mãe saborear umas suculentas jabuticabas que enfeitavam, como bolinhas roxas de uma árvore de natal, o formoso tronco daquela jabuticabeira. Enquanto arrancava uma e saboreava, sem lavá-la, já estava levando a mão para apanhar mais uma e neste movimento de arrancar, saborear e jogar fora os caroços, lembrei-me do texto de Ricardo Gondim, que diz: 
Tempo que foge!

“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para frente do que já vivi até agora. Sinto-me como aquele menino que ganhou uma bacia de jabuticabas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados. Não tolero gabolices. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para projetos megalomaníacos. Não vou mais a workshops onde se ensina como converter milhões usando uma fórmula de poucos pontos. Não quero que me convidem para eventos de um fim-de-semana com a proposta de abalar o milênio.
Já não tenho tempo para reuniões intermináveis para discutir estatutos, normas, procedimentos parlamentares e regimentos internos. 
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Não quero ver os ponteiros do relógio avançando em reuniões de “confrontação”, onde “tiramos fatos à limpo”. Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário do coral.
Lembrei-me agora de Mário de Andrade que afirmou: “As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos”. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos.
Já não tenho tempo para ficar dando explicação aos medianos se estou ou não perdendo a fé, porque admiro a poesia do Chico Buarque e do Vinicius de Moraes; a voz da Maria Bethânia; os livros de Machado de Assis, Thomas Mann, Ernest Hemingway e José Lins do Rego.
Sem muitas jabuticabas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita para a “última hora”; não foge de sua mortalidade, defende a dignidade dos marginalizados, e deseja andar humildemente com Deus. Caminhar perto dessas pessoas nunca será perda de tempo.
Soli Deo Gloria.”

Com esta reflexão puxei conversa com o pé de jabuticaba, que apesar do seu silêncio falava-me palavras inefáveis e na minha tentativa de intérprete eu a ouvia dizer que estava feliz, estava de bem com a vida, estava resolvida, pois a sua missão de produzir frutos estava em ação e eu e todos que colhessem um fruto do seu tronco, para saborear, era um sorriso a mais que saía dos seus galhos, que gargalhavam de júbilo por abençoar outras vidas do Criador do universo. Estava de bem com a vida. Que linda árvore! Bonita por fora e por dentro. 

Perplexo diante de tanta beleza natural, falei comigo mesmo: Olha aí, que maravilha! Esta planta é um exemplo a ser seguido. Será que alguém, quando chega perto de mim, encontra frutos? Eu estou alimentando a vida dos outros com a minha vida? O que estou fazendo aqui como servo de Deus, Criador de todas as coisas? Lembrei-me da metáfora de Jesus. Do sermão do monte, que disse: “Toda árvore boa produz bons frutos e toda árvore má produz maus frutos” (Mateus 7.17). 

Lembrei-me também do único milagre aparentemente destrutivo realizado por Jesus de Nazaré, que se aproximou da figueira, para saciar a sua fome e só encontrou nela folhas e não frutos. Encontrou muita beleza exterior e nenhuma beleza interior e disse para a mesma: “Nunca mais nasça fruto de ti!” E a figueira secou imediatamente (Mateus 21.19). Em pensamento, perguntei-me novamente: Jarbas, as pessoas que convivem e se aproximam de você têm sido abençoadas? Têm encontrado frutos na sua vida? O que você está fazendo, aqui na terra, como discípulos de Jesus, que tudo vê? 

Após ter-me feito essas perguntas, fui para a sala e abri o Livro dos livros, a Bíblia, na linguagem contemporânea de Eugene Peterson, no salmo de Davi de número 139 e prossegui a viagem.

3- Davi viaja para dentro de si mesmo.

Salmo 139 – Um Salmo de Davi

1-6 Ó Eterno, investiga minha vida; faz um apanhado de todos os fatos. Sou como um livro aberto para ti: Mesmo de longe, sabes o que estou pensando. Sabes quando saio e quando volto. Nunca estou fora da tua vista. Sabes antecipadamente o que vou dizer antes mesmo de iniciar a primeira frase. Olho atrás de mim e lá estás. Depois para cima, e lá estás também. Tua presença é constante em torno de mim. Isso é maravilhoso, embora eu não consiga compreender totalmente.

7-12 Existe um lugar para onde eu possa escapar do teu Espírito, fugir da tua vista? Se subo ao céu, tu estás lá! Se vou para o subterrâneo, lá estás também! Se tomo as asas douradas da manhã, rumo ao longínquo horizonte ocidental, tu me encontras em um minuto – na verdade, já estás lá, me esperando! Então, eu disse a mim mesmo: “Ele me vê até na escuridão! À noite, estou imerso na claridade!”. Isto é um fato: a escuridão não é escura para ti; noite e dia, escuridão e claridade, para ti são a mesma coisa.

13-16 Ah, sim! Tu me moldaste por dentro e por fora; tu me formaste no útero da minha mãe. Obrigado, grande Deus – é de ficar sem fôlego! Corpo e alma, sou maravilhosamente formado! Eu te louvo e te adoro – que criação! Tu me conheces por dentro e por fora, conheces cada osso do meu corpo. Sabes exatamente como fui feito: aos poucos; como fui esculpido: do nada até ser alguma coisa. Como um livro aberto, Tu me viste crescer desde a concepção até o nascimento; todos os estágios da minha vida foram exibidos diante de Ti; os dias da minha vida, todos preparados antes mesmo de eu ter vivido o primeiro deles.

17-22 Teus pensamentos são únicos – e como são belos! Nunca os compreenderei! Não consigo sequer enumerá-los – é como se eu tentasse contar a areia da praia. Oh! Que eu me levante de manhã e viva o tempo todo contigo! E por favor, Deus, afasta de vez a impiedade! E vocês, assassinos, fora daqui! Fora todos os que te menosprezam, ó Deus, encantados com divindades que não passam de imitações baratas. Vê como odeio os que te odeiam, ó Eterno! Vê como detesto a arrogância dos pagãos. Eu a odeio com ódio puro, total. Teus inimigos são meus inimigos!

23-24 Investiga minha vida, ó Deus, descobre tudo a meu respeito. Interroga-me, testa-me; assim, terás uma idéia clara de quem sou. Vê por ti mesmo se fiz alguma coisa errada e, então, guia-me na estrada que conduz à vida eterna.
Li também Romanos 11.33-36 e 12.1-2

Irmãos amados, vocês por acaso já viram algo que se compare à graça generosa de Deus ou à sua profunda sabedoria? É algo acima de nossa compreensão, que jamais entenderemos. Há alguém que possa explicar Deus? Alguém inteligente o bastante para lhe dizer o que fazer? Alguém que tenha feito a ele um grande favor ou a quem Deus tenha pedido conselho? Tudo dele procede; tudo acontece por intermédio dele; tudo termina nele. Glória para sempre! Louvor para sempre! Amém! Amém! Amém!

Portanto, com a ajuda de Deus, quero que vocês façam o seguinte: entreguem a vida cotidiana – comer, dormir, trabalhar, passear – a Deus como se fosse uma oferta. Receber o que Deus fez por vocês é o melhor que podem fazer por ele. Não se ajustem demais à sua cultura, a ponto de não poderem pensar mais. Em vez disso, concentrem a atenção em Deus. Vocês serão mudados de dentro para fora. Descubram o que ele quer de vocês e tratem de atendê-lo. Diferentemente da cultura dominante, que sempre os arrasta para baixo, ao nível da imaturidade, Deus extrai o melhor de vocês e desenvolve em vocês a verdadeira maturidade.

4- O que estamos fazendo com o que querem fazer de nós?

Lembrei-me de uma expressão citada por Ed René Kivitiz – “O maior mal que o maligno pode fazer com o ser humano é transformá-lo em um maldoso”. Esta é a maior das maldades. Os formadores de opinião, os inimigos externos, o curso deste mundo estão aí o tempo todo a pleno vapor, ditando as regras, formatando o tipo de gente que interessa ao sistema perverso. Querem nos moldar como um bando que satisfaça seus interesses, dizendo que o belo é ter e não ser, levando-nos ao consumismo exacerbado. 

O mundo da moda, por exemplo, diz que mulher bonita é mulher magra, a beleza está na magreza. A mensagem é: se você não for magra, você é feia, você não será aceita. Portanto, gaste dinheiro, invista tempo, pare de se alimentar... Os resultados são muitas jovens sofrendo de anorexia e morrendo. Saiba o que fazer com o que querem fazer de você! 

O poeta Vinicius de Moraes disse – “As feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Ainda bem que depois ele se redimiu e falou que “fundamental é mesmo o amor”. A beleza fundamental mesmo é a interior, pois não adianta ser bonito por fora e feio por dentro. Conviver com gente bonita por fora e feia por dentro é horrível. Já conviver com gente “feia” por fora e bonita por dentro não faz mal algum. Investir tempo e dinheiro só pela beleza exterior é perder tempo e dinheiro. O mais importante é a beleza interior, parte mais difícil de enxergar, mas Deus tudo vê, tudo perscruta, nada fica em oculto diante dos seus olhos. Ele sonda os nossos corações. 

5- Jesus e a sua preocupação com o nosso interior

Jesus exortou aos escribas e fariseus – “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque limpas o exterior do copo e do prato, mas estes, por dentro, estão cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo, para que também o seu exterior fique limpo! Vocês são como sepulcros caiados, que por fora, se mostram belos, mas interiormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundícia! Assim também vós exteriormente pareceis justos aos homens, mas, por dentro, estais cheios de hipocrisia e de iniqüidade” (Mateus 23.25-28). 

O pecado da hipocrisia atrai o juízo severo de Deus. O juízo de Deus é muito mais freqüente e severo quando o pecado se chama hipocrisia. Se alguém fosse à casa de algum membro do partido dos fariseus, em Jerusalém, e pedisse um copo d’água e um prato de comida, logo perderia a sede e a fome, pois o copo e o prato que estavam reluzentes na cristaleira achavam-se limpos por fora e sujos por dentro. A preocupação de Jesus não é com a limpeza de copos e pratos, mas com a limpeza de caráter. “O que contamina o homem não é o que entra pela boca, mas o que sai do coração, pois é do coração que procede as saídas da vida”. O sonho de Deus é casar com uma igreja (Noiva) sem ruga, sem mancha, sem mácula, santa e irrepreensível...

O que eu estou fazendo com o que querem fazer de mim? Esta pergunta me acompanha sempre, pois o mundo tem uma forma e quer o tempo todo que eu entre nela, mas como o Apóstolo Paulo disse aos Romanos – “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Peço a Deus que coloque em minha cabeça o capacete da salvação para que a minha mente não seja deteriorada pelos inimigos externos, que estão o tempo todo querendo entrar e fazer morada em meu mundo interior. 

Como Davi orou mandando estes assassinos caírem fora, assim também devemos orar e levar os nossos pensamentos cativos a Cristo, tendo a mente dele, como disse muito bem o Apóstolo Paulo – “Eu tenho a mente de Cristo” e recomendou aos Filipenses – “Tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude e louvor, seja isso que ocupe o vosso pensamento.” (Filipenses 4.8). 

“Que as palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!” (Salmo 19.14). A boca fala o que o coração está cheio”.

“Nem tudo o que reluz é ouro”. As aparências enganam. Nem tudo que parece bom é bom. Estes “assassinos externos” querem habitar em nosso mundo interior, precisamos vigiar e orar para não cairmos em tentação. Fico indignado quando sem querer ouço certas músicas pós-modernas com letras medíocres, pois percebo como as mentes destes compositores e dos ouvintes deste “lixo social” estão deterioradas. Mentes impensantes, maldosas, medonhas, malignas, medíocres, hedonistas... Tenho que colocar um protetor auricular e o capacete da salvação para não deixar que este tipo de voz, mal cantada, entre em minha mente. 

“Examine tudo e retenha o que é bom”. Meus ouvidos estarão abertos para ouvir músicas inteligentes, que agregam valor ao meu ser. Ouvimos más notícias através dos meios de comunicação: Muita violência estampada diante do nosso viver diário. Ainda bem que Jesus orou por nós, pedindo ao Pai que não nos tirasse do mundo, mas que nos livrasse do mal (João 17.15). 

De tanto ver e ouvir más notícias, se não vigiarmos e orarmos, podemos dar vez e voz ao pânico do medo e vivermos apavorados, por isso devemos confiar no amor de Deus, que foi derramado em nossos corações, pelo seu Espírito Santo, e este amor lança fora todo o medo. Jesus nos deu uma identidade. Somos o sal da terra e a luz do mundo, logo não estamos aqui para sermos influenciados, mas para influenciarmos, vivermos na contracultura prevalecente, sermos astros em meio a essa geração perversa e corrompida, brilharmos diante dos homens com as nossas boas obras, para que eles glorifiquem ao nosso Pai que está nos céus. O sal tem que ser sápido e não insípido.
Penso que Deus permitiu ao Rei Salomão ser um hedonista ao extremo para nos ensinar que debaixo deste sol tudo é vaidade de vaidades, e o resumo é: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isso é o dever de todo homem” (Eclesiastes 12.13).

Diante desse quadro que acabo de compartilhar com vocês, elevo a minha voz ao Altíssimo e faço a seguinte Oração: Pai visite o nosso coração. Sonda-nos, Senhor. Faz com que o nosso coração seja igual ao teu. Dai-nos a coragem de Davi, olhe para dentro de nós e retira os assassinos que vem para o nosso interior, retira estes inimigos internos. Guia-nos pelas veredas da justiça por amor do teu nome. “A vereda do justo é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito”. Lava o meu interior, purifica o meu ser, santifica-me na verdade, a tua Palavra é a verdade. “O homem exterior se corrompe a cada dia, mas o interior se renova a cada manhã”. Somos como barro em tuas mãos. Constrói vasos novos, vasos de bênçãos em tuas mãos...

6- Minha devocional com “Mainha”

Olhando para o manso e meigo rosto de “mainha de Cinho” (Chamada assim pelos meus sobrinhos Denis, Paulo, Júnior, Aline e Betânia), com a sua cabeça coberta com finos e lindos cabelos brancos, revelando os seus bem vividos 89 anos, sentada em uma cadeira de rodas, viajei mais fundo ainda para o meu interior. Olhei e vi no imaginário o passado, não muito distante, desta mulher virtuosa: mulher sábia que tem edificado sua casa, verdadeiro retrato da mulher descrita por Salomão em Provérbios 30.10-30. 

Fico feliz com o legado que esta humilde e mansa serva de Deus construiu ao longo dos seus 89 anos, e ainda constrói para todos nós que a admiramos. Um exemplo de mãe, de esposa, de cristã, de sogra, de vó, digna de ser imitada. Mãe guerreira que tem a certeza do dever cumprido. Pode dizer em alto e bom som, como disse o apóstolo Paulo: “Combati o bom combate, encerrei a carreira e guardei a fé”. 

Essa mãe me ensinou a viver com seus testemunhos e com seus sábios conselhos. Louvo a Deus pelo privilégio que Ele me deu de ter nascido de um ventre tão abençoado e de ter tido um “painho” também guerreiro, um homem ao máximo, um homem de verdade, hombridade é o que não lhe faltou. Fico feliz, pois um dia o verei na glória celestial. 

Olhei para mim, com 52 anos, e para outras pessoas com menos idade e voltei a olhar para minha mãe com os seus 89 anos, que chegaram tão depressa. Pude então perceber como o tempo voa e como é urgente remirmos bem o tempo. Vi ali que “o mais importante mesmo é fazer da coisa mais importante a coisa mais importante”, e a coisa mais importante mesmo é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. “A vida passa, tudo se acaba, só Deus faz a alma feliz”. 

É preciso saber viver, mesmo sabendo que não há precisão no viver. Como já disse o poeta: “Navegar é preciso, viver não é preciso”. Aprendi a chupar a jabuticaba roendo até o caroço. Nesta reflexão falei ao meu interior: daqui há algum tempo o corpo da sua “mainha” vai retornar ao pó da terra, este é o ciclo natural dos viventes, e o seu espírito habitará os céus, que é a morada eterna dos filhos de Deus. Sendo assim, vamos viver uma vida relevante e esta vida relevante é comer, beber ou fazer qualquer outra coisa para a glória de Deus. Esta é a vida abundante que Jesus veio para nos conceder.

Eu quero é Deus! Daqui não levarei bens materiais, quero que o meu tesouro seja Deus, pois Jesus disse muito bem que “a vida de um homem não consiste nos bens que ele possui”. É em Deus que eu quero colocar o meu coração. E assim, peço a Deus, como Oleiro, que trabalhe mais e mais para que o meu interior, que é a sua morada, seja cada vez mais agradável à sua presença. Que não falte em mim um coração segundo o seu coração, um coração igual ao do Rei Davi, que foi um homem segundo o seu coração. “Aquele que começou a boa obra em nós há de completá-la até o dia de Cristo” (Filipenses 1.6)

7- Conclusão

Concluo com a oração de Moisés do Salmo 90.12 – “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria”. Esta é uma conta que não se aprende nas escolas, com os mestres da matemática, mas com o Mestre dos mestres, com o autor e conservador da vida, com Aquele que é manso e humilde de coração. Nele a nossa alma encontra descanso. Farei desta oração de Moisés a minha oração diária. Contarei dias, um de cada vez, até chegar o dia em que prestarei conta diretamente a Deus. Um dia “cada um dará conta de si mesmo a Deus”. Sei que esta viagem para o meu interior continuará diariamente, enquanto eu viver. Não pararei também de orar como Davi orou – “ Sonda-me, ó Deus, e vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno”...

Aos leitores(as) recomendo esta viagem interior. Vá fundo! A minha cosmovisão foi ampliada com esta viagem. Certamente a sua também será. Boa viagem! Deus te abençoe!

*Jarbas Matos Santos - Pastor Presidente da Igreja Batista Salvador Sal e Luz

Vejam um pequeno prefácio feito pelo Pr. Osmar Ludovico.

Num mundo de distrações, estímulos e apetites insaciáveis o texto do Jarbas nos convida a adentrar realidades profundas da nossa humanidade.
Nossa infância, nossa família, nossa fé, nossa missão, enfim tudo que realmente importa na vida.
Uma leitura que toca nossa memória afetiva, toca nossa saudade de Deus.
Obrigado Jarbas por nos lembrar e nos inspirar a adentrar este vasto território inexplorado dentro de nós.
É o silencio e a meditação que nos conduzem a esta viagem em direção ao centro de nós mesmos, nossa verdadeira identidade, ali onde Deus habita.
Só assim poderemos experimentar que realmente é essencial na vida: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Abraço fraterno,
Osmar Ludovico.

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