As universidades e os institutos de pesquisa e de tecnologia estão repletos de ideias e projetos que podem melhorar a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Essa é uma das conclusões do Estudo de Mapeamento de Competências em Tecnologia Assistiva, realizado pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), organização ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Parte do resultado desse trabalho foi apresentado pelo assessor técnico da instituição, Milton da Paz, em palestra durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) 2013 em Brasília.
São consideradas tecnologias assistivas as ferramentas ou recursos utilizados com a finalidade de proporcionar mais autonomia às pessoas com deficiência. Na avaliação do especialista do CGEE, há potencial intelectual no Brasil para o desenvolvimento dessas tecnologias, em condições semelhantes ou até superiores em relação a iniciativas de instituições em países como a Alemanha, a Inglaterra e os Estados Unidos.
Paz defende a participação de vários atores da sociedade para que os muitos projetos brasileiros possam ser usufruídos pelo seu público alvo. “Para isso, é fundamental a participação da indústria, dos institutos de pesquisa e das universidades”, avaliou. “E o governo pode fazer um esforço de integração de toda essa inteligência nacional em prol de soluções eficientes que gerem produtos e serviços com dignidade”.
Pesquisa
O estudo foi encomendado ao CGEE pela Secretaria de Ciência e Tecnologia para Inclusão Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (Secis/MCTI), com a proposta de traçar um diagnóstico sobre oferta, demanda e tendências tecnológicas, bem como sobre as ameaças e as oportunidades neste setor.
“A ideia é que o resultado final do estudo permita àquele que o leia, especialmente o tomador de decisão, ter um conjunto de informações extremamente ricas para que se possa unir todas as iniciativas que existem hoje e criar grandes alavancas através de outros esforços”, reforçou Paz.
O material também traz recomendações a gestores públicos. Uma delas é a criação de Centros Integrados de Saúde da Pessoa em cada estado do país, que funcionariam como unidades multidisciplinares para o atendimento da pessoa com algum tipo de deficiência.
“A necessidade desse público é muito complexa e há um trabalho muito grande a ser feito. Tem coisas acontecendo, mas pontuais, que não atingem o país como um todo”, observou o assessor do CGEE. “É preciso um grande planejamento estratégico e um esforço coletivo de especialistas, não só do governo, mas da academia, da indústria, dos institutos de pesquisa e, principalmente, do usuário", reforçou.
Participaram do mapeamento consultores e especialistas de diversas áreas, incluindo pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O material será disponibilizado para consulta até o final deste mês no site www.cgee.org.br.
Inovação
Alguns produtos de tecnologia assistiva voltados para deficiência visual foram apresentados no estande do Instituto Federal do Ceará durante a SNCT, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Entre as novidades, uma bengala com sensor que permite a orientação sobre a localização exata do usuário por celular, além de sistemas de áudio e equipamentos que facilitam a digitação e a leitura em computadores.
Entre os projetos do instituto em fase adiantada estão o teclado em braile para dispositivo touch screen na plataforma androide, por meio do qual é possível navegar na tela e ter o retorno sonoro das informações; o mouse acessível para deficiente motor, que é substituído pelo tablet e usa sistema bluetooth, permitindo melhor controle da tela no computador; e a audiodescrição de cenários de filmes para deficientes visuais, com a uso de voz sintética.
De acordo com o coordenador do Núcleo de Tecnologia Assistiva do Instituto Federal do Ceará, Agebson Rocha, o projeto funciona desde 2009 e ganhou impulso a partir do lançamento do Plano Nacional dos Direitos das Pessoas com Deficiência - Viver sem Limite. Com a iniciativa, o grupo pôde receber apoio financeiro por meio de chamada lançada pela Secis/MCTI no ano passado.
O núcleo do Ceará é uma das 29 unidades ligadas a universidades e institutos do país que fazem parte de uma rede coordenada pelo Centro Nacional de Referência em Tecnologia Assistiva (CNRTA), ligado ao Centro de Tecnologia da Informação Renato Archer (CTI/MCTI). O CNRTA é uma das ações previstas no plano e atua como órgão articulador da Rede Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Tecnologia Assistiva.
Edital
Em reunião executiva do Viver sem Limite, realizada durante a SNCT, o secretário da Secis, Oswaldo Duarte Filho, destacou a abertura da chamada pública nº 84/2013, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCTI), que prevê R$ 13 milhões para o apoio de projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico na área. O prazo para o envio de propostas termina em 8 de novembro.
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