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Embarcações precárias abarrotadas de africanos atravessam os mares, tentando refúgio para pessoas vitimas das guerras, da fome e da miséria semeadas pelo capitalismo. (Foto 1)
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Enquanto a mídia brasileira - que assumiu de vez a sua insensatez oposicionista e abriu mão da verdade na seletividade no trato das questões políticas e econômicas - responsabiliza o PT por todas as mazelas da atual crise financeira mundial, tratando o assunto como se fosse só nosso e, infelizmente, conquistando as mentes mais desavisadas, a imprensa mundial e os economistas sérios põem a nu a atual crise do capitalismo em todo o planeta.
Do fracasso das políticas econômicas e das relações internacionais norte-americanas que geram crises em vários países, especialmente no Oriente Médio e na Àfrica, passando pela absurda situação que gera milhões de refugiados migrando para a Europa e para onde der, tudo é crise! O colapso do sistema que se mantém pelas desigualdades entre ricos e pobres é evidente. Infelizmente, o cinismo de quem faz apologia desse modo de produção excludente, nas suas diversas formas e faces, continua noticiando a miséria, mas fingindo que os grandes impérios econômicos não têm nada a ver com isso. Confira as análises transcritas abaixo para compreender um pouco do epicentro desse problema, a partir da situação dos países ricos, especialmente do EUA e de como isso se relaciona com o Brasil.
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Milhões de pessoas fugindo para a Europa: o caos capitalista que a imprensa brasileira apelidou de "crise migratória" (Foto 2). |
OS PAÍSES DESENVOLVIDOS E A ENCRUZILHADA CAPITALISTA
OS PAÍSES DESENVOLVIDOS E A ENCRUZILHADA CAPITALISTA
EUA NÃO ESTÃO CONSEGUINDO SUPERAR A CRISE ESTRUTURAL
São Paulo, 26/04/2015
(Revisado em
19-06-2015)
Referências: Estatização X Privatização, Teoria Anárquica dos
Neoliberais, Fraudes Contábeis, Financeiras e Operacionais das
Multinacionais ou Transnacionais,
Subfaturamento das Exportações, Superfaturamento das Importações de Bens
de
Produção, Lucros Remetidos para Paraísos Fiscais, Razões do Nosso Eterno
PIBinho.
- OS PAÍSES DESENVOLVIDOS E A ENCRUZILHADA CAPITALISTA
- A FALÊNCIA DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS
- AS MOEDAS DOS PAÍSES LASTREADAS EM RESERVAS MINERAIS
- EM RAZÃO DO DÓLAR FRACO, OS PAÍSES VOLTARAM AO SISTEMA DE TROCAS
- OS BRICS COMO NOVA FORÇA MUNDIAL
- A IMPLANTAÇÃO DO NEOCOLONIALISMO PRIVADO
- CONCLUSÃO
-
CINCO SINAIS DE QUE OS EUA NÃO ESTÃO CONSEGUINDO SUPERAR A CRISE ESTRUTURAL CAPITALISTA
- CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
- USA X IRÃ: DESESPERO NORTE-AMERICANO EM LAUSANNE
- A
QUEDA DA DEMANDA MUNDIAL E O ESTOURO DA “BOLHA DO XISTO”
- MAIS
UMA “RECUPERAÇÃO ESPETACULAR” DA ECONOMIA NORTE-AMERICANA VIRA
PÓ EM SEMANAS
- A
CRIAÇÃO DO "AIIB" E O VEXAME PÚBLICO DE WASHINGTON
- E A ECONOMIA
DA RÚSSIA NÃO ENTROU EM COLAPSO
- CONCLUSÃO
Por Américo G Parada Fº - Contador - Coordenador do COSIFE
Alguns anos antes da eclosão da Crise de 2008, neste COSIFE foram publicados textos em
que era afirmado com outras palavras que, por não ter lastro desde a década de 1970, o Dólar poderia levar
os países credores a enfrentarem problemas gravíssimos com a perda de suas Reservas Monetárias em Dólares.
Essa falta de lastro, que resultaria na perda do valor liberatório do dólar,
também afetaria todas aquelas pessoas que possuíssem em casa ou em outros
lugares a citada moeda norte-americana sem lastro
Em mais de uma das publicações chegou a ser afirmado que o Dólar só
não virou pó, como dizem os profissionais do mercado, porque os países
credores estão sustentando o seu preço no Mercado Futuro para que não
percam suas reservas monetárias. E o Brasil está entre os 10 maiores
possuidores de reservas em dólares. Em 2010 estava em 5º lugar.
Depois da bancarrota acontecida com vários países da Europa em 2011, a
situação agravou-se porque o Banco Central Europeu também começou a emitir
grande quantidades de dinheiro sem lastro, no sentido de salvar os bancos
europeus da falência.
Num dos textos deste COSIFE, foi afirmado que um estudioso dos
problemas monetários queria criar formas de lastrear as moedas dos
países porque a quantidade de ouro existem no mundo não era suficiente
para lastrear todo o dinheiro físico que circula pelo mundo.
Os magnatas blindados em paraísos fiscais movimentam mais de US$ 20
trilhões de dólares (de US$12 a US$32 trilhões dizem os estudiosos dos
problemas financeiros mundiais; o PIB de todos os países é de 60
trilhões).
Se levarmos em consideração que durante a vigência do Padrão-ouro
para o dólar cada unidade daquela moeda correspondia a um grama de ouro,
para lastrear o dinheiro dos magnatas de paraísos fiscais precisaríamos
ter um estoque 20 milhões de toneladas de ouro. A outra alternativa
seria a desvalorizar o dólar para que um grama de ouro custasse, por
exemplo, US$ 100 mil ou mais.
Porém, é claro que os americanos resgatariam apenas o "dinheiro vivo" em
circulação. É de se imaginar que grande parte daqueles US$ 20 trilhões seja
dinheiro escritural. Não é dinheiro em circulação. Logo, poderia ser considerado
como dinheiro sem lastro, se as empresas desses magnatas não valerem tanto. As
empresas precisariam ter Valor Patrimonial equivalente, descontadas as
participações cruzadas (participações recíprocas).
O mencionado estudioso dos problemas econômicos mundiais teve a ideia
de lastrear as moedas de cada um dos países em matérias-primas. Até
registrou uma patente da grandiosa ideia. Estava escrevendo um livro
sobre o tema.
Perguntaram a ele: Como os países desenvolvidos conseguiriam lastrear
suas respectivas moedas? Eles dependem das matérias-primas do Terceiro
Mundo. O ouro também vem dos países colonizados (por isso são
subdesenvolvidos). Tornando-se apenas emergentes e industrializando suas
matérias-primas,
tais países colonizados poderiam dominar o mundo economicamente.
Imediatamente o pobre coitado do cientista e pesquisador queimou o
rascunho de seu livro para não ser queimado vivo em praça pública.
Para evitar a constante ameaça de perda dos dólares, muitos países
voltaram para o sistema de "trocas" (importação versus exportação)
existente no passado anterior a constituição do FMI - Fundo Monetário
Internacional. Mas, como disse Delfim Netto, é preciso ter uma moeda
padrão. Por isso, além da União Europeia, os BRICS também querem ter a
sua moeda padrão, a única que teria lastro em matérias-primas e ouro.
Acostumados desde os tempos da Revolução Industrial a obter
matérias-primas sem nada pagar aos países colonizados, razão pela qual
estes nunca se desenvolveram, os governantes dos países hegemônicos
achavam que podiam perpetuar essa situação em que o Terceiro Mundo
deveria eternamente sustentar o Primeiro Mundo.
Não precisa ser Economista ou Administrador, basta ser Contador, para
saber que nenhuma empresa prospera tendo muitas Despesas e parcas
Receitas. O mesmo acontece com os Paises.
Pergunta-se: Como os países desenvolvidos poderiam manter sua
hegemonia importando quase tudo que precisam para sobreviver e pouco
sobrando para exportar?
Para eternizar essa enorme inversão de valores, esse descompasso
econômico mundial, os países desenvolvidos precisariam manter os paises
do Terceiro Mundo como colônias. Mas, pela força das armas o custo
operacional é muito alto. Mais barato seria subornar ditadores.
Na década de 1970 os assessores de Reagan e Thatcher, devidamente
corrompidos, tiveram a grande ideia de reduzir os tributos sobre lucros
obtidos no exterior.
Não deu certo porque os neoliberais transferiram suas fábricas para
paraísos fiscais industriais e as sedes virtuais de suas empresas para
paraísos fiscais cartoriais que apenas registram empresas offshore
(empresas fantasmas, que não existem fisicamente).
Desse jeito, os neoliberais começaram a formar uma grande pirâmide de
participações societárias controladas por empresas que resolveram
chamar de multinacionais ou transnacionais. E, já estão controlando mais
de 66% (2/3) de tudo que é vendido no Mundo.
Cansados de eleger governantes que nada faziam pelos menos
favorecidos, no Século XXI os eleitores latino-americanos elegeram
socialistas em quase todos os países.
Assim surgiram os Paises Emergentes, destacando-se os BRICS (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), que juntamente com seus aliados
continentais possuem mais da metade da população mundial e por volta de
66% das matérias-primas.
Diante dessa realidade, os países industrializados precisariam
importar matérias-primas a U$1 a tonelada para vender 100 quilos por US$
1.000, depois de industrializada. Entretanto, as fábricas que existiam
em seus territórios foram fechadas por seus proprietários.
Daí surgiu a grande ideia de controlar o mundo por meio das empresas
multinacionais, que seriam as proprietárias de quase todas as empresas
de primeira linha (
bluechips) existentes no mundo. Por isso os oposicionistas
ao governo federal querem privatizar a Petrobras.
Desse modo, os paises emergentes (proprietários das matérias-primas),
assim como os desenvolvidos, continuariam dominados pelas
multinacionais possuidoras das marcas e patentes e das empresas que as
exploram.
Nesses países explorados pelas multinacionais seriam arrecadados
apenas os impostos incidentes sobre a venda de mercadorias e serviços.
Os lucros ficariam em paraísos fiscais sem qualquer tributação.
Qual seria a solução para esse novo impasse econômico?
A única solução seria a Estatização, mediante o confisco de todos os
investimentos vindos de paraísos fiscais. Os países desenvolvidos também
fariam o mesmo e ainda colocariam para funcionar todas as empresas que
foram desativadas em seus territórios. Não há outra solução.
As especulações com o petróleo, as pressões econômicas sobre a Rússia
e a influência geopolítica sobre o Oriente Médio: nada disso tem
surtido mais efeito.
Por Antonio Gelis-Filho - publicado em 11/04/2015 - Copyleft -
Carta Maior
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
As últimas semanas trouxeram notícias surpreendentes, mesmo para
aqueles acostumados a analisar os eventos geopolíticos. É muito difícil
fugir da conclusão de que atingimos uma etapa crítica na transição entre
o sistema-mundo capitalista que conhecemos e algo que ainda está por
vir.
Parece ter expirado o prazo de validade do modelo adotado pelos
países ricos para lidar com a crise estrutural que se tornou mais
visível a partir de 2008, modelo esse que inclui a criação de
dinheiro sem qualquer lastro em riquezas reais, a negação maciça da existência de qualquer problema maior pela "mainstream media"
[Grande Mídia ou Mídia de Massa - manipuladora da Opinião
Pública] e a repressão policial crescente como única “política social” para lidar com a crescente pobreza nessas sociedades outrora tão afluentes.
Vários são os sinais de que atingimos o “fim do começo” da transição:
- USA X IRÃ: DESESPERO NORTE-AMERICANO EM LAUSANNE
-
A
QUEDA DA DEMANDA MUNDIAL E O ESTOURO DA “BOLHA DO XISTO”
-
MAIS
UMA “RECUPERAÇÃO ESPETACULAR” DA ECONOMIA NORTE-AMERICANA VIRA
PÓ EM SEMANAS
- A
CRIAÇÃO DO "AIIB" E O VEXAME PÚBLICO DE WASHINGTON
- E A ECONOMIA
DA RÚSSIA NÃO ENTROU EM COLAPSO
NOTA DO COSIFE:
De fato parece o FIM DO COMEÇO. O feitiço virou
contra o feiticeiro.
Mas, os economistas ortodoxos, defensores do
neoliberalismo, continuam espalhando boatos de que os países
desenvolvidos estão se recuperando.
É como aquele lutador de box "peso pesado"
(muitas vezes campeão do mundo) que, depois de velho, não aguenta um
soco desferido por um franzino "peso pena".
Diante da enrascada em que se meteram, os
países chamados hegemônicos foram traídos por seus ricaços (sonegadores
de tributos), que agora estão comandando o mundo, sem que alguém os
consiga ver, escondidos em Paraísos Fiscais. De algum lugar (paradeiro
desconhecido) estão administrando as empresas chamadas de transnacionais
que formam um imenso CARTEL controlador das principais empresas ("bluechips")
existentes no mundo. Enfim, quase tudo é deles.
E os governantes, devidamente subornados,
engabelados pelos lobistas do Grande Capital, fingem que nada podem
fazer porque também ficaram ricos, apesar dos seus baixos salários.
Ganhariam mais que no governo, se trabalhassem como executivos de
multinacionais. Aliás, no governo dos países ditos ricos (que na
realidade são pobres, em matérias-primas), já estão trabalhando para
aqueles magnatas.
Agora, a única solução seria o confisco
dos investimentos vindos de paraísos fiscais. Mas, se os citados
corruptos assim fizerem, o seu rico dinheiro também será confiscado pelo
governo, isto é, pelo Estado como Nação politicamente organizada. Enfim,
o dinheiro seria confiscado por aqueles que deveriam ser os
Representantes do Povo. Porém, preferiram defender os interesses
mesquinhos dos seus verdadeiros patrões.
Sarney com a Conversão da Dívida e Collor de
Melo com o confisco da Poupança Popular não tiveram sucesso. Teriam
sucesso, se tivessem confiscado os investimentos idos para (e vindos de)
Paraísos Fiscais. Ou seja, podiam ter confiscado o dinheiro que saiu do
Brasil e depois voltou como capital estrangeiro, para compra de
empresas brasileiras.
Desse jeito, além das matérias-primas, também
está sendo exportado o serviço braçal, científico e intelectual da nossa
mão de obra barata e ainda são totalmente remetidos para o exterior os
lucros obtidos no nosso território. Grande parte desses lucros saem por meio do
subfaturamento das
exportações e do
superfaturamento das
importações de bens de produção. Por isso o Brasil não cresce. Fica
aqui o eterno PIBinho.
Um “
acordo para firmar um acordo” foi assinado em Lausanne, Suíça, entre o governo do Irã e o grupo de potências conhecido por
P5+1: China, EUA, França, Rússia, Reino Unido e Alemanha.
Na realidade, as dificuldades nas discussões sempre foram entre EUA e
Irã. Este último deseja prosseguir com seu programa nuclear que alega
ter finalidades pacíficas.
Os EUA há tempos consideram o Irã um dos integrantes do dito “eixo do
mal” e exige o fim das atividades nucleares que considera suspeitas.
A surpresa vem da análise minuciosa do texto assinado: compreende-se porque o governo de Teerã o celebra como uma vitória.
Após anos exigindo e comandando sanções contra o Irã, negando-lhe o
benefício de qualquer dúvida, Washington assinou um texto que
essencialmente baseia-se em apenas postergar o momento no qual Teerã
poderá desenvolver sua bomba se assim o desejar.
Não surpreendentemente, o governo de Israel, os republicanos
norte-americanos e mesmo alguns democratas já anunciaram sua oposição ao
texto e sua recusa em aceitar a assinatura do texto definitivo em três
meses.
Por que Washington cedeu tanto em Lausanne?
Os críticos de Obama argumentam que o presidente teria colocado seu
desejo de alcançar um importante resultado diplomático, um “legado”
qualquer, acima dos interesses nacionais. Pouco provável.
Mais razoável é supor que o governo norte-americano já não tem
condições de impor seus interesses no Oriente Médio e busca
desesperadamente a aparência de uma vitória diplomática.
Chega a ser impressionante que o governo norte-americano tenha
assinado um documento, ainda que não definitivo, no qual aparentemente o
Irã não terá a obrigação de franquear suas instalações militares aos
inspetores internacionais e que cala sobre o reconhecimento de Israel.
Tudo isso enquanto EUA apoiam o ataque saudita a grupos iemenitas que por sua vez são apoiados por Teerã.
É difícil não perceber nesse acordo uma espécie de fadiga dos Estados Unidos em relação à disputa geopolítica no Oriente Médio.
Vendido como uma solução “mágica” para o problema de oferta mundial
de petróleo, ainda que altamente poluente, o petróleo extraído de
depósitos de xisto (“tight oil”) revela-se como mais uma bolha insuflada
pela indústria financeira.
As denúncias já vinham sendo feitas há tempos, mesmo em publicações
de negócios como Forbes (vide o texto “Why shale oil boosters are
charlatans in disguise”, publicado em janeiro de 2014).
Com a queda mundial da demanda econômica, que pode ser vista, por
exemplo, em um preço muito baixo para o frete marítimo, o preço do
petróleo também caiu. Arábia Saudita e Rússia podem ainda lucrar com seu
petróleo convencional cujos custos de produção são baixos, mas os altos
custos da produção de xisto já cobram seu preço: o número de sondas de
perfuração em operação é o mais baixo desde 2011.
A inviabilidade do petróleo do xisto como alternativa ao petróleo
convencional ficou clara nesse evento. E muito da esperança
norte-americana de uma recuperação real de sua economia e de seu poder
geopolítico baseava-se nisso.
Em dezembro de 2014 jornais do mundo inteiro publicaram a notícia de
que a economia norte-americana vinha crescendo a taxas anualizadas de 4%
(alguns diziam 5%).
Comentaristas eufóricos explicavam que finalmente a economia dos EUA
tinha saído da crise, que seu crescimento seria saudável e sustentado.
Previa-se um 2015 róseo para a economia norte-americana.
Para quem segue os eventos internacionais, entretanto, parecia apenas
a manifestação de um ritual semestral que se repete desde a crise de
2008: alguns indicadores econômicos positivos isolados são analisados
fora de seu contexto maior, análises estridentemente eufóricas são
publicadas na mídia e meses depois, quando a “recuperação” mostra-se
inexistente, todos se esquecem do assunto.
Esta vez, porém, parece ter sido a gota d’água: escrevendo no
excitável Financial Times, o comentarista Gavyn Davies recentemente
(29/03/2015) afirmou que as expectativas otimistas do Banco Central dos
EUA (Federal Reserve) para 2015 já estavam sendo desmentidas pelos
dados reais.
Quem ainda acreditará quando The Economist e Wall Street Journal anunciarem novamente o fim da “recessão”?
A verdade, dura e incontornável, é que não há recuperação econômica real à vista, seja nos EUA, na Europa ou no Japão.
O AIIB - abreviatura em inglês de Banco da Ásia para Investimento em Infraestrutura
- era uma proposta do governo da China lançada no final de 2013 para
contornar as limitações encontradas pelo país asiático em instituições
lideradas pelo ocidente, tais como Banco Mundial, Fundo Monetário
Internacional e Banco para o Desenvolvimento da Ásia.
Com sede em Beijing, a proposta sempre foi resistida pelos Estados
Unidos. Finalmente lançado em outubro de 2014, o banco atraiu países
asiáticos com grandes economias, tais como Índia e Indonésia.
Mas a grande surpresa viria em março de 2015: a despeito das
ressalvas públicas feitas por Washington à instituição, países
tradicionalmente aliados aos EUA, como Reino Unido, Austrália, Coreia do
Sul, Alemanha, França e até Taiwan submeteram ou decidiram submeter
suas candidaturas a membros do banco.
Até mesmo o ex-Secretário do Tesouro dos EUA, Larry Summers, publicou um texto em seu blog afirmando que “o
mês passado [março de 2015] pode ser lembrado como o momento no qual os
Estados Unidos perderam sua posição de garantidores do sistema
econômico mundial”, em grande parte baseando sua análise nos eventos que cercaram a criação do banco.
Esquecida pela mídia ocidental, a guerra econômica contra a Rússia
parece ter fracassado. O rublo continua existindo e o governo de Moscou
não mostra qualquer sinal do enfraquecimento tão sonhado pelo ocidente.
A situação na Ucrânia, cuja integração à União Europeia parece ter
desaparecido da pauta de discussões em Bruxelas, evolui para uma
verdadeira guerra interna pelo poder, onde “oligarca devora oligarca”. O
leste do país tornou-se de fato independente.
A histeria ocidental anti-Rússia parece ter consumido seu
combustível, ao menos por enquanto. Com isso, mais uma trapalhada
geopolítica ocidental perde fôlego, embora a proximidade de eleições em
países europeus importantes sugira que políticos desesperados possam
pensar em ações desesperadas.
CONCLUSÃO
O fim do começo é também o fim do período pós-crise de 2008 durante o
qual os governos ocidentais acreditavam em sua capacidade de
recuperação.
A próxima etapa será, salvo surpresas, a de uma difícil negociação
com suas populações, que finalmente começam a entender que o passado não
retornará, que os níveis de vida pré-2008 foram embora para sempre e
que o futuro não será mais o que costumava ser.
Desnecessário dizer, esses serão momentos de extraordinário risco, de
grandes oportunidades e de permanente surpresa para todos que vivem
nestes tempos tão intensos.
Textos disponíveis em: http://cosif.com.br/publica.asp?arquivo=20150425fim-do-imperio . Acesso em 04/09/2015.
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