Irenilson Barbosa
Ontem (15/07) foi o meu
aniversário e, naturalmente, o Dia Nacional do Homem. Agradeço carinhosamente
às manifestações de todos em felicitações pela minha data natalícia. Sou grato
a Deus pelos familiares, amigos e pessoas muito queridas que sempre me agraciam
com seus afagos - alguns até imerecidos, mas sempre prazerosos. Apesar disso, quero refletir um pouco, neste texto, sobre o Dia do Homem (que agora você já sabe que é efetivamente o meu dia).
O
Dia Internacional do Homem é celebrado no mundo em 19 de Novembro. As
comemorações foram iniciadas em 1999 pelo Dr. Jerome Teelucksingh em Trinidad e
Tobago, apoiadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), e vários grupos de
defesa dos direitos masculinos da América do Norte, Europa, África e Ásia. Mas
os homens são tão especiais que, aqui no Brasil, eles ganharam mais uma data só
para eles. Assim, o Dia Nacional do Homem também é comemorado em 15 de Julho.
A diretora da Secretaria de Mulheres e Cultura de
Paz da UNESCO, Ingeborg Breines, teria declarado que a criação da data é
"uma excelente ideia para equilibrar os gêneros". Destaca-se que os
objetivos principais do Dia Internacional do Homem são: melhorar a saúde dos
homens (especialmente dos mais jovens), melhorar a relação e promover a
igualdade entre homem e mulher, e destacar papéis positivos de homens. A
expectativa é que seja uma ocasião em que homens e mulheres podem e devem se
reunir para combater o sexismo e, ao
mesmo tempo, celebrar suas conquistas e contribuições na comunidade, nas famílias e no casamento, e na criação dos filhos. Tenho certeza que há alguma nobreza e pertinência nesses
objetivos. Naturalmente, o fato de haver pouca pressão midiática do comércio
(ainda) em torno dessa data é um dos fatores determinantes do quase
esquecimento por parte de quase todos. Mas o dia dos pais é lembrado pelo
comércio, e ainda assim apresenta idiossincrasias semelhantes.
Algo, entretanto, parece
destoar completamente na prática de mulheres e homens, em relação a este dia no
Brasil. Chamou-me à atenção numa rede social, na qual tenho participação
regular, a aspereza de algumas mulheres e a quase absoluta indiferença da
maioria para com a data que homenageia aos homens.
Na verdade, eu só vi quatro
postagens que se referiam à data. Uma dizia: “Feliz dia internacional
do homem a todos os homens que sabem se comportar como um, os outros podem
esperar o 12 de outubro.”(dia
da criança). A segunda, na mesma linha, informava: “Hoje é o dia do homem, mas
a maioria terá que esperar até o dia do cachorro para comemorar...” (acho que é
04/10, mas pode ser qualquer data, ainda mais agora que está na moda declarar
amor pelos animais e cada vez mais ódio e intolerância pelos semelhantes). A
terceira postagem dizia: “O homem é tão
importante que hoje é o seu dia e ninguém lembrou!”. Depois dessa pérola, a
última frase lida declarava: “Feliz Dia
do homem rapaziada, já que ninguém lembrou por nós...” (sic). De todas,
apenas a última foi postada por um homem. Os comentários femininos em coros enormes de “kkk” foram dignos de
nota (e de reflexão) nas três primeiras, como é de praxe... Sem comentar, fiquei
pensando no outro lado dessa moeda.
Sou um fã incondicional das mulheres, desde a incomparável lindeza à inteligência e formas peculiares de ver o mundo. Admito até ser um tanto pegajoso
nos muitos elogios que faço (gosto mesmo delas e vivo a elogiá-las, a começar
das mais próximas!). Nada obstante, ainda que despretensioso quanto à eficácia
deste texto na consecução dos resultados desejados, sinto-me impelido à
discussão, pois acho que elas precisam rever essas práticas (tanto quanto os
homens precisam rever as suas) e algumas reflexões se impõem não só para
valorização de um dia, visto que a vida se dá para muito além disso, mas
buscando problematizar alguns aspectos que precisam ser discutidos para a
promoção de uma conduta respeitosa nas relações entre homens e mulheres.
Portanto,
sem querer ser o pai das respostas possíveis ou monopolizá-las, tento provocar aos leitores
e leitoras com algumas perguntas que julgo pertinentes:
1.
O que faz com que as mulheres sejam tão
indiferentes a uma data que homenageia os homens ao mesmo tempo em que se sentem
tão ofendidas quando os homens esquecem ou deixam de homenageá-las em suas
datas especiais?
2.
Por que nas datas especiais referentes aos
homens a ênfase é em ensinar aos homens o que devem fazer em vez de destacar os
papéis importantes que eles já desempenham? (confira as mensagens e “homenagens”
habituais nos dias dos pais, dos namorados, etc. em toda a parte)
3.
A que se atribui a constante queixa das
mulheres sobre indelicadezas, infidelidades, desatenção e outras “virtudes”
atribuídas aos homens (algumas reais), se elas se comportam assim e até
comparam homens com cachorros ou crianças de forma pejorativa no seu dia de
homenagens ou sempre que podem?
4.
O que leva as mulheres a acharem que os
homens são os únicos vilões dos relacionamentos, da paternidade irresponsável,
das traições e das asperezas no trato, quando eles fazem isso sempre juntos,
sem pudores e apregoam suas liberdades para além de todos os limites das suas
responsabilidades?
5.
O que faz com que essas lindas criaturas
avaliem que os homens são seres involuídos ou verdadeiros ogros se elas cultivam
esse tipo de ódio (nem sempre silencioso) pelos homens aos quais dizem amar?
6.
Que tipo de imagem masculina elas e eles esperam
projetar nos filhos, nas filhas e nos educandos em geral sobre o valor da
figura masculina para os relacionamentos e a vida em sociedade.
7.
Que mundo é esse em que vivemos em que as
mulheres (algumas vítimas do machismo, de fato) acham normal menosprezar os
homens como forma de afirmação de suas identidades e de seu lugar social e
acham plenamente aceitável ou engraçado que isso aconteça?
8.
Será que não passa pela cabeça de alguém que
tais posturas revelam adoecimentos das relações, por responsabilidade de ambos,
e que culpar o outro pelos insucessos, frustrações e resentimentos é apenas o
caminho mais fácil, mas também o mais irresponsável?
9.
Será que as mulheres pensam que o fato dos
homens que também vivem em pé de guerra com elas, não destacarem seus defeitos
nas datas que as homenageiam significa que eles não tem mais queixas? Ou
cogitaram que abdicar da crítica para elogiá-las equivale a uma enorme renúncia
em delicadeza, com a qual se pode aprender algo sem enveredarmos pelos
fingimentos ou migrarmos para as desqualificações?
Eu poderia fechar essa série
de questões em 10 (dez), mas isso pode sugerir um rol fechado, e tenho muito mais
que 10 perguntas pululando na cachola. Imagino que você também tenha, mas esta
seria uma postagem interminável se nós as elencássemos todas. Ainda mais em se
tratando de um tema conhecido mas, ainda assim, tão negligenciado. Contudo, espero
que suas respostas nos tragam alguma reflexão madura sobre o assunto, pois acho
que já chegamos aos absurdos limites do sexismo entre nós e é bom lembrarmos
que o sexismo não se refere apenas a preconceitos com a homossexualidade. Essa
discussão tem um valor especial para mim, mas não pretendo polemizar com homens
ou mulheres. Pretendo provocar outras formas de análise das diferenças entre
homens e mulheres, principalmente considerando que Deus nos fez (homem e
mulher) em complementaridade. Não fomos criados para essa disputa tola e descabida
onde um tenta suplantar, violentar ou desqualificar cada vez mais a identidade e
a reputação do outro. Precisamos de pessoas, famílias, instituições e grupos
sociais que se respeitem e que saibam conviver na sociedade e com sua
diversidade. Façamos a nossa parte. Abraço e Cheiro!